A Carta Corográfica de Portugal à escala 1:100.000, levada a cabo pela Direcção-Geral dos Trabalhos Geodésicos do Reino e publicada em 37 Folhas entre 1862 e 1904, é um importante marco na história da cartografia nacional.
O General Filipe de Sousa Folque (Portalegre, 28-XI-1800 - Lisboa, 27-XII-1874), Doutor em Matemáticas pela Universidade de Coimbra em 1826, foi o seu mentor, após António Maria de Fontes Pereira de Melo, então Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, ter determinado em 27 de Outubro de 1852, através de uma portaria, a sua concretização. Reinava D. Maria II e a cartografia era reconhecida como fundamental para a modernização do país. Foi nesse contexto reformista, por vezes designado de ‘Fontismo’, que se lançaram, em 1852, a Carta Corográfica de Portugal à escala 1:100.000 e, em 1956, a Carta Topográfica da Cidade de Lisboa à escala 1:1.000. Esta última ficou concluída em 1858 e foi publicada um ano mais tarde. Filipe Folque dirigiu também a Carta Geográfica de Portugal à escala 1:500.000, publicada em 1865.
Os levantamentos de campo da Carta Corográfica de Portugal (inicialmente denominada Carta Geral do Reino) estenderam-se por 35 anos, entre 1857 e 1892, e os resultados de todo esse esforço representaram um enorme avanço na representação rigorosa, consistente e detalhada da totalidade do território de Portugal continental. Mesmo a nível da Europa a qualidade da Carta Corográfica foi reconhecida e merecedora de distinções, como aconteceu no Congresso Internacional de Ciências Geográficas da Sociedade de Paris, em 1875.
Antes, em 1788, tiveram início os trabalhos geodésicos de Triangulação Geral do Reino, inicialmente coordenados por Francisco António Ciera, com a colaboração de Pedro Folque (Catalunha, 1744 - Lisboa, 1848 - pai de Filipe Folque) e Carlos Frederico de Caula. Mais tarde, em 1833, o Brigadeiro Pedro Folque assumiu a coordenação dos trabalhos de triangulação, já com a colaboração do seu filho Filipe. Pedro Folque viria a morrer em 1848, com quase 104 anos de idade, e Filipe Folque assumiu a plena coordenação dos trabalhos de Triangulação Geral do Reino.
O Algarve está representado nas Folhas 34 a 37, publicadas respectivamente em 1880, 1898, 1884 e 1893. À semelhança das outras Folhas são edições monocromáticas com representação do relevo em curvas de nível (equidistância de 20 metros), rede geodésica muito completa, hidrografia pouco detalhada, povoamento e toponímia bastante informativos e ainda representações simples das redes viária e ferroviária.
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A Carta Corográfica de Portugal à escala 1:100.000 serviu depois de base cartográfica para inúmeros trabalhos. Por exemplo, nos levantamentos de campo para a Carta Agrícola e Florestal de Portugal, dirigida por Gerardo Pery, e nos levantamentos geológicos de Carlos Ribeiro e Joaquim Filipe Nery Delgado para a Carta Geológica de Portugal publicada em 1876.
O Sistema de Georreferenciação adoptado na Carta Corográfica de Portugal tinha como origem o Castelo de São Jorge, utilizava o Elipsóide de Puissant (1830 - a = 6377858,4 m - f = 1/303) e a Projecção de Bonne.
Ver também:
Ciência em Portugal - Instituto Camões - AQUI.
A contribuição de Filipe Folque para a Cartografia portuguesa do séc. XIX - AQUI.