ALGARVE - alterações na Ocupação e Uso do Solo entre 2018 e 2023
- Nuno de Santos Loureiro
- Aug 30
- 4 min read
Updated: Sep 9
Muito recentemente, no início de Agosto, a Direção-Geral do Território divulgou dois novos produtos: as Cartas de Ocupação e Uso do Solo (COS) em Portugal continental, para 2018 e para 2023. Essas duas COS são as primeiras de uma nova geração, cujas especificações técnicas incluem um catálogo de quatro níveis hierárquicos, com 9 categorias no primeiro e 93 no quarto, exactidão temática igual ou superior a 85%, unidade mínima cartografada de 1 hectare e distância mínima entre linhas de 20 metros. A COS 2023 é um produto totalmente novo, enquanto a COS 2018 é a nova versão de um produto já existente. A metodologia e os procedimentos adoptados para a preparação das duas COS foram idênticos e as duas cartas são consideradas produtos válidos para estudos cronológicos.
No estudo aqui apresentado apenas o Algarve foi objecto de análise. Concluiu-se, para o primeiro nível hierárquico (ver Tabela 1), que territórios artificializados e agricultura tiveram aumentos de áreas entre 2018 e 2023, e que, pelo contrário, pastagens, florestas e matos tiveram reduções de áreas. Superfícies agroflorestais, espaços descobertos ou com pouca vegetação, zonas húmidas e massas de água superficiais mantiveram as áreas praticamente inalteradas.

Uma análise mais detalhada, com base no segundo nível hierárquico (ver Tabela 2), permitiu concluir que os principais acréscimos de áreas entre 2018 e 2023 ocorreram nas áreas edificadas residenciais, nas infraestruturas e nas culturas permanentes. Nas culturas temporárias, pastagens melhoradas e espontâneas, florestas de resinosas e matos, pelo contrário, identificaram-se os principais decréscimos.

Em valores totais foram as culturas permanentes (vinhas, pomares e olivais) que tiveram maiores acréscimos de áreas, atingindo 1405 hectares, num balanço entre 1550 ha de novas plantações e o desaparecimento de 144 ha. As novas plantações foram instaladas, predominantemente, em matos (549 ha), culturas temporárias (475 ha) e pastagens melhoradas e espontâneas (446 ha). Em sentido oposto, as culturas permanentes que desapareceram originaram, predominantemente, culturas temporárias (34 ha), agricultura e viveiros protegidos (26 ha) e vazios sem construção e áreas em construção (23 ha).
Desagregando as culturas permanentes até ao quarto nível hierárquico, em 2018 as vinhas ocupavam 1567 ha (2,2% da área total com culturas permanentes), os pomares 46916 ha (65,8%) e os olivais 22779 ha (32,0%). Em 2023 as vinhas aumentaram para 1613 ha (2,2%) e os pomares para 48364 ha (66,6% da área total com culturas permanentes), enquanto os olivais decresceram para 22691 ha (31,2%). Consequentemente, no conjunto das culturas permanentes, foram os pomares os únicos que aumentaram em área e importância relativa (ver Figura 1).

Desagregando igualmente por concelhos, apenas para os pomares, em Tavira (19,1%), Silves (14,0%), Vila Real de Santo António (11,7%) e Castro Marim (10,6%) verificou-se mais de metade (55,4%) do balanço positivo entre novas plantações e o desaparecimento das mesmas. Por ordem inversa, em quatro outros concelhos, Vila do Bispo (0,1%), Monchique (0,2%), Alcoutim (0,5%) e São Brás de Alportel (0,5%), verificou-se apenas 1,3% das alterações de ocupação e uso do solo em todo o Algarve relativas a pomares, entre 2018 e 2023.
Para os olivais, Alcoutim (87,2%) e Faro (12,8%) foram os únicos concelhos onde se verificou um balanço positivo de áreas. Com sinal oposto, Silves (34,4%) e Tavira (14,3%) foram os dois concelhos onde o balanço negativo de áreas foi mais acentuado, tendo o mesmo ocorrido em outros nove concelhos algarvios.
Para as vinhas, Portimão (66,8%), Lagos (11,7%) e Silves (9,3%) foram os três concelhos onde se verificaram maiores balanços positivos de áreas, que também ocorreram em Lagoa e Olhão. Vila Real de Santo António (48,7%), Tavira (19,0%) e Castro Marim (16,6%) foram os concelhos onde se verificaram os maiores balanços negativos.
As infraestruturas (grupo diversificado que abarca a produção e transformação de energia, a captação, tratamento e drenagem de águas para consumo e residuais, e os aterros e resíduos) foram a segunda categoria na hierarquia dos valores totais de alterações à ocupação e uso do solo, com 810 hectares novos (ver Figura 2), na sua quase totalidade ocupados com infraestruturas ligadas à produção de energia solar.

Foi nos concelhos de Alcoutim (68,7%) e de Lagos (11,6%) que foram instaladas mais de quatro quintos (80,3%) dessas novas infraestruturas, surgindo Portimão (8,0%) na posição seguinte do top 3 das alterações à ocupação e uso do solo com infraestruturas, entre 2018 e 2023.
Por último, estão as áreas edificadas residenciais na terceira posição da hierarquia dos valores totais de alterações à ocupação e uso do solo, com 207 hectares (ver Figura 3), balanço de 214 ha de novas áreas edificadas residenciais e desaparecimento de 7,5 ha.

Nos concelhos de Loulé (20,9%), Lagos (17,1%) e Lagoa (12,7%) ocorreram mais de metade (50,7%) das alterações relacionadas com o referido balanço de novas áreas edificadas residenciais. Por ordem inversa estão Vila do Bispo (0,3%), Vila Real de Santo António (0,4%), Castro Marim (0,5%) e São Brás de Alportel (0,6%).


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