Voar é um sonho tão antigo quanto o é a mitologia grega. Ícaro quis voar para fugir, agora outros querem voar para ver a paisagem. Ver é uma coisa, observar com atenção é outra. Basta pensar como todos espreitam com atenção a paisagem pelas pequenas janelas do avião, ao levantar ou ao aterrar. Mas nesses momentos tudo é tão fugaz e tão depressa fica para trás...
Os pequenos drones mudaram a história desses momentos desconcertantes. Conquistou-se o domínio de um olhar de pássaro, com todo o tempo do mundo (ou o tempo que dura a bateria ;-). Tornou-se possível fotografar para depois observar com toda a atenção os pormenores do local e da paisagem, ganhou-se um novo olhar atento sobre o território. Todos passámos a poder ser foto-geógrafos, a perceber melhor o espaço que nos envolve...
Teríamos essa leitura se estivéssemos ao nível do solo? Obviamente que não! Os pequenos drones são certamente uma revolução tecnológica em contínua efervescência, mas não se limitam a ser apenas isso. Quando adequadamente utilizados são verdadeiros professores de geografia, de ordenamento do território e da paisagem, comandados a partir das nossas mãos. As três fotografias desta publicação foram feitas com um DJI Mini 3 Pro. Cabe no bolso, custa o mesmo que um smartphone high-tech, é simples de pilotar e uma maravilha a fotografar!
A fotografia aérea oblíqua que motiva esta publicação proporciona uma visão humana, baseada numa linguagem natural que qualquer pessoa pode entender. É distinta da da fotografia aérea vertical, perpendicular à superfície da terra, por vezes orto-rectificada e mais cartográfica do que fotográfica, própria de domínios de saber especializados. De facto o ser humano olha em frente, para o caminho, não olha para baixo, para os próprios pés!
Vale a pena parar um momento e reflectir sobre este passo maravilhoso da fotografia digital democratizada. E sobre as formas de bem a utilizar...
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