Filipa Faísca de Sousa, natural de Querença, Loulé, foi o centro de todas as atenções na última sessão "Dos Sabores da Cultura". Tudo aconteceu no palco do Cine-Teatro Louletano, no passado dia 19 de Dezembro.

Filipa Faísca de Sousa e Daniel Vieira à conversa.
Dona Filipa Faísca de Sousa nasceu (a 22 de Maio de 1934) e reside no Borno, nas proximidades de Querença. Para muitos é apenas conhecida como a artesã dos típicos bonecos de trapo louletanos. Mas, na verdade, é muitíssimo mais...
Exemplo de mulher que toda a vida trabalhou no campo e cuidou da casa, do marido, filhos, netos e até bisnetos, Filipa Faísca tinha uma voz surpreendente, foi uma poetisa popular, e é ainda hoje uma memória viva de hábitos passados do Barrocal e de muitos contos, cantigas, orações e outros saberes tradicionais que se vão tentando perpetuar. Colaborou até, na qualidade de informadora, com investigadores como Maria Aliete Galhoz, Isabel Cardigos ou Manuel Viegas Guerreiro.
A sua riqueza cultural permitiu-lhe igualmente escrever 'Povo, povo eu te pertenço', livro editado em 2000 pela Câmara Municipal de Loulé, e também lançar um CD intitulado 'Filipa Faísca e Irmãs', editado dois anos mais tarde pela mesma autarquia algarvia. Breves trechos dos 39 temas que constituem o CD podem ser escutados a partir da plataforma online da Fonoteca Municipal de Lisboa.
Foi um pouco de tudo isso que Paulo Pires, programador do Cine-Teatro Louletano, procurou recordar e tentar imortalizar, numa sessão cuidadosamente preparada que contou também com a participação do Cancioneiro do Rancho Folclórico de Faro, e com depoimentos de pessoas como Margarida Correia (Presidente da União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim), ou Priscila Soares, uma das fundadoras da Associação In Loco.
A verdade é que o evento, que se prolongou por mais de três horas, decorria morno, por entre conversas de Filipa Faísca e Paulo Pires, actuações do Cancioneiro e vários depoimentos. Até que Paulo Pires desafiou Daniel Vieira, figura carismática e artista plástico de Alte, a subir ao palco e reencontrar-se com Filipa Faísca.
Vindo com o vento de Lisboa, o menino Daniel Vieira (como é carinhosamente conhecido na sua terra natal) aceitou o repto e deu um novo calor ao serão. Os dois conversaram animadamente, relembraram histórias da mocidade, cantaram, dançaram e, mais do que tudo, evidenciaram o quão rica é a cultura tradicional algarvia...
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