Foi ontem lançado do Auditório Júlio Bernardo, no Museu de Portimão, o livro UM ALGARVE COM SENTIDOS, onde se associou uma fotobiografia a um conjunto de fotografias inéditas do artista plástico, fotógrafo e cineasta amador Júlio Bernardo (Ferragudo, 16 de Março de 1916 - Portimão, 15 de Julho de 2013).
A obra, da autoria de Carlos Alberto Osório, foi editada pela Platibanda e inclui ainda quadras inéditas do poeta popular portimonense Nautílio Martins. Vasco Trindade foi o responsável pelo design gráfico e pela paginação.
Trata-se de um valioso contributo para conhecer melhor a vida e o multifacetado legado de Júlio Bernardo, enriquecendo a informação já antes publicada sobre o mesmo em Algarve, a gente e o mar, de Glória Marreiros (2002), e num capítulo do livro The Sardine Photo Experience, editado pelos Encontros de Fotografia de Lagoa (ENFOLA 2018).
Para além de uma detalhada fotobiografia, este livro apresenta cerca de 30 fotografias inéditas, deixando bem evidente que, para além da colecção arquivada no Centro de Documentação e Arquivo Histórico do Museu de Portimão, existem outros 'tesouros' por e para revelar.
Uma vez mais se evidencia um Júlio Bernardo fotógrafo documental e humanista, de atenções e registos diversificados sobre um constante e consolidado fio condutor. Um fotógrafo que prefiro 'classificar' de fotógrafo natural com um sentido estético e de enquadramento muito cuidados. Um Algarve com Sentidos revela simultaneamente um pouco mais de uma outra 'linha' da fotografia de Júlio Bernardo, singular e muito pouco praticada pela sua geração, que foi por ele concebida e cultivada na fotografia e também no cinema amador com originalidade e mestria. Uma 'linha' menos imediata, menos fácil de rapidamente cativar a atenção do público, mas que não pode ser esquecida ou subvalorizada no 'corpo de trabalho' fotográfico de Júlio Bernardo. Uma 'fotografia' com uma identidade muito especial, própria, diferente e genial, e que merece ser estudada como 'o corpo de excelência' do legado fotográfico deste algarvio que progressivamente vai sendo descoberto e redescoberto...
E a propósito da história de Júlio Bernardo fotógrafo vale a pena recordar a sua participação no 1.º Salão algarvio de arte fotográfica, em Fevereiro de 1962, promovido pelo Círculo Cultural do Algarve. Um evento que esteve patente ao público no Salão Nobre da Câmara Municipal de Faro, de 26 de Fevereiro a 11 de Março de 1962.
Neste Salão foram admitidas a concurso 433 fotografias a preto e branco, 46 a cores e 219 diapositivos, submetidos por 101 concorrentes, provenientes da Austrália, Áustria, Bélgica, França, Itália, Portugal e Suíça. O concurso contava com seis categorias e a cada uma atribuía 1º e 2º prémios, para além de menções honrosas.
Júlio Bernardo submeteu 18 fotografias a preto e branco e 13 diapositivos. Conquistou quatro 2º prémios e seis menções honrosas. A fotografia acima, intitulada 'Sobranceira', recebeu uma menção honrosa na categoria Paisagens do Algarve e foi escolhida para integrar o catálogo oficial do evento.