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  • Writer's pictureNuno de Santos Loureiro

Barragens algarvias com menos água em Fevereiro

O Algarve, como se sabe, continua em situação de seca meteorológica. A precipitação tem estado muito abaixo dos valores normais e de acordo com os dados mais recentes fornecidos pelo IMPA, relativos ao final de Janeiro de 2020, o Sotavento está em situação de seca severa e o Barlavento em seca moderada.


Comportas da Barragem de Odeleite no dia 1 de Março de 2020


A falta de precipitação continua também a fazer-se sentir nas reservas de água das barragens do Sotavento algarvio (Odeleite e Beliche), as quais estão destinadas ao abastecimento para consumo humano, e na Barragem da Bravura (Barlavento), vocacionada para a rega. Nas três albufeiras, depois dos modestos aumentos verificados durante os meses de Dezembro e Janeiro, em Fevereiro inverteu-se a tendência de acumulação de água e ocorreu um ligeiro decréscimo nas reservas disponíveis.


Na Barragem de Odeleite, entre finais de Janeiro e de Fevereiro de 2020, as reservas decresceram 1,3 milhões de metros cúbicos [ou -1,0% da capacidade máxima de armazenamento]. O normal seria haver um aumento de 2,9 milhões de m3 [+2,3%]. Se a comparação for feita com o início do presente ano hidrológico, na albufeira de Odeleite há agora menos água armazenada (menos 0,5 milhões de m3 [-0,4%]) do que no início de Outubro de 2019.


A situação não é diferente para as Barragens do Beliche e da Bravura. Na primeira, entre finais de Janeiro e de Fevereiro, as reservas de água decresceram 0,4 milhões de m3 [-0,9%]. O normal seria haver um aumento de 0,9 milhões de m3 [+1,8%]. Na Bravura, os números são, respectivamente, de -0,4 e +1,4 milhões de m3 [-1,2% e +4,0%]. De igual forma, nas duas albufeiras há agora menos água armazenada (-0,1 e -0,9 milhões de m3 [-0,3% e -2,6%]) do que no início de Outubro de 2019.

Nas outras três Barragens do Barlavento (Odelouca, Funcho e Arade, a primeira vocacionada para o abastecimento e as duas restantes, ligadas entre si, destinadas à rega) a situação é, em parte, diferente: entre finais de Janeiro e de Fevereiro de 2020, as reservas de água aumentaram 1,1 milhões de metros cúbicos [ou +0,7% da capacidade máxima de armazenamento] em Odelouca e decresceram 0,6 e 0,1 milhões de m3 [-1,2% e -0,2%], respectivamente, no Funcho e no Arade. Mas se a comparação for feita com o início do presente ano hidrológico, na albufeira de Odelouca há agora mais água armazenada (24,9 milhões de m3 [+15,9%]) do que no início de Outubro de 2019. No Funcho e no Arade os números são, respectivamente, de mais 7,2 e 5,8 milhões de m3 [+15,1% e +20,7%].


Em síntese, em três das seis barragens algarvias, não há quaisquer ganhos de reservas de água nos primeiros cinco meses do presente ano hidrológico (do início de Outubro de 2019 até final de Fevereiro de 2020). Nas restantes três, os ganhos situam-se entre 15 e 20% das suas capacidades máximas de armazenamento. Por outro lado, no conjunto das seis barragens da região, Fevereiro não foi, ao contrário do normal, um mês de acumulação de água, mas sim de ligeiros decréscimos nas reservas disponíveis.


Se a atenção estiver particularmente centrada no abastecimento de água para consumo humano, no Sotavento (barragens de Odeleite e Beliche) a situação continua muito preocupante e tende a agravar-se ainda mais. Em contrapartida, no Barlavento (Odelouca), a gravidade da situação atenuou-se.



Assim, perante o actual estado das 'coisas', e mesmo com as atenções todas focadas no COVID-19, só nos resta a nós, algarvios, depositarmos esperança num velho ditado serrenho: dia de Santa Maria a rir, a Inverna está para vir; dia de Santa Maria a chorar, a Inverna está para abalar!


Como no passado dia 2 de Fevereiro (dia de Santa Maria) o céu estava azul, se o prognóstico se confirmar, menos mal para nós. Caso contrário, os próximos tempos adivinham-se mesmo difíceis...

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