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285 items found for ""

  • Ribeira da Foupana • Junho de 2020

    O Sotavento Algarvio tem três ribeiras que desaguam para o Guadiana. De Norte para Sul são o Vascão, Odeleite e Beliche. E existe também a Ribeira da Foupana que desagua na de Odeleite, a cerca de 3 km desta última alcançar o Rio Guadiana. A Rib.ª do Vascão separa o Alentejo do Algarve. As de Odeleite e Beliche são estranguladas por barragens. A Ribeira da Foupana é, assim, a única ribeira do Sotavento algarvio que corre em condições relativamente naturais. E é também sobre ela que recaem os olhares daqueles que tanto querem construir mais uma barragem no Sotavento, na esperança de aumentar as reservas regionais de água. Mas estas três fotografias aéreas, feitas no passado dia 17 de Junho em três locais distintos, deixam bem evidente a escassez de água que corre presentemente na ribeira. E quando acabar o Verão muito provavelmente toda a ribeira estará quase seca. Existirão tão somente alguns pegos e algum escoamento sub-superficial...

  • Produção algarvia de vinho na década de 1880

    Esta Tabela, publicada em 1891 na Memoria sobre a economia rural da 9ª região agronómica (Algarve), evidencia bem a importância que a região já teve na produção portuguesa de vinho. Hoje, de acordo com a Pordata, a produção algarvia ronda os 20.000 hl, ou seja, cerca de 12% do valor dos anos de 1880. A dimensão destes números é consentânea com 1.ª Carta Agrícola e Florestal de Portugal, levada a cabo na viragem do séc. XIX para o séc. XX. A vinha tem, por exemplo, uma enormíssima expressão no concelho de Lagoa e, por isso, não é de surpreender que o mesmo lidere na produção algarvia de vinho. Bivar Weinholtz, o autor na Memoria, debruça-se longamente sobre a vinha e o vinho na região, e afirma a gloriosa fama dos vinhos da Fuzeta e Moncarapacho. Mas o maior destaque é dado aos dois concelhos essencialmente vinhateiros, de Lagoa e Portimão, que consagram importantes superficies áquelle ramo da producção agricola. N'esta zona vinicola, que póde dizer-se, vae de Lagos a Albufeira, é aqui que a cultura da vinha adquire maior importancia, especialmente em Lagoa. De notar que nesta Tabela não consta o concelho de São Brás de Alportel porque o mesmo só surgiu a 1 de Junho de 1914, quando a freguesia farense de São Brás foi elevada a concelho de Alportel, com sede na populosa aldeia rural de São Brás. Cumpriu-se assim uma antiga aspiração de muitos sambrasenses, com destaque para João Rosa Beatriz, que foi depois o primeiro Presidente da Câmara Municipal. #vinho #viticultura #Lagoa #Tavira #Portimão #Algarve #SãoBrásdeAlportel #história #1880s

  • Sternula albifrons

    Fotografar uma ave é aquela coisa de... ... fazer mais uma fotografia igual a tantas outras. Mas, na verdade, é registar o fascínio da natureza e da biodiversidade! Andorinha-do-mar-anã ou chilreta (Sternula albifrons), Parque Natural da Ria Formosa, 25 de Maio de 2020 Uma das pequenas pérolas da biodiversidade da Ria Formosa e uma das aves que sempre mais me cativou, pela sua elegância e comportamento. Recentemente, o ICNF iniciou uma campanha de sensibilização no PNRF, e particularmente na Ilha de Faro, para evitar que a nidificação da andorinha-do-mar-anã seja perturbada ou destruída por todos aqueles que vão à praia e que, eventualmente, levam consigo cães. Será que alguém quer deixar de ver estas pequenas aves a voar e a pescar, mesmo à frente dos nossos olhos? Que todos respeitem a reprodução das colónias de andorinha-do-mar-anã, nas dunas da Ria Formosa e de todo o Portugal! Mais informação sobre a Sterna albifrons AQUI e AQUI.

  • Grandes livrinhos da Pente 10

    A Pente 10 - Fotografia Contemporânea foi uma galeria que surgiu em Lisboa e que, como outras, acabou por fechar portas. Era a galeria de Catarina Ferrer e Pedro Lopes Vieira. Inaugurada em Abril de 2008, ficava na Rua da Fábrica dos Pentes, n.º 10, às Amoreiras, e entre os fotógrafos que representou estavam Carlos Afonso Dias e Inês Gonçalves. Entre os anos de 2008 e 2012 manteve uma intensa actividade expositiva. Miguel Santos, Flor Garduño, Carlos Afonso Dias, Rita Barros, Manuel Luís Cochofel, Alexander Glyadyelov, Inês Gonçalves e Kiluanje Liberdade, Guillaume Zuili, Manel Armengol, Paulo Freitas, Luísa Ferreira, Elizabeth Lennard, Filipe Casaca, Augusto Alves da Silva e António Júlio Duarte foram fotógrafos que tiveram a oportunidade de mostrar o seu trabalho na Pente 10. Cada evento era acompanhado por um grande livrinho. Ontem, numa incursão na Livraria da Travessa, ao Príncipe Real, encontrei alguns desses livrinhos! Carlos Afonso Dias (Lisboa, 1930 - 2010) é um dos incontornáveis fotógrafos portugueses do séc. XX. Neste livro é possível ler um prefácio do seu filho Gonçalo e encontrar fotografias a preto e branco, da década de 1950 e início da de 1960, e depois da década de 2000. Inês Gonçalves (Málaga, 1964 - ) tem dedicado grande atenção aos PALOP. Neste livrinho, a fotógrafa, em parceria com o luso-angolano Kiluanje Liberdade, olha para uma manifestação cultural muito interessante de São Tomé, o teatro popular conhecido como tchiloli.

  • chuva de Abril foi pequena ajuda de água ao Sotavento algarvio

    ... mas em Maio, e nos meses seguintes, já não é de esperar precipitação em quantidades dignas de registo. Quer isto dizer que será com a água que caiu até ao final de Abril que vamos viver até ao próximo Inverno. E, agora que o COVID-19 vai dando tréguas e o confinamento social vai afrouxando, começa a ser tempo de enfrentar outras realidades e assumir outras calamidades. Como, por exemplo, a da escassez persistente de água no Algarve, especialmente acentuada no Sotavento algarvio! Barragens de Odeleite o do Beliche no dia 3 de Maio de 2020, quando as escalas marcavam 39,88 metros. É verdade que a precipitação que caiu no Algarve durante o presente mês de Abril aumentou os níveis de água armazenados nas barragens da região, suavizando a severidade da seca e da escassez de água. Mas não se pense que as barragens de Odeleite e do Beliche, no Sotavento algarvio, encheram ou, no mínimo, ficaram com níveis 'confortáveis' de armazenamento. Nada disso. Na melhor das hipóteses a situação apenas passou de muito dramática para muito preocupante. Acompanhámos as duas barragens fazendo três visitas: no dia 6 de Abril as duas escalas marcavam 37,16 m, valor que subiu 2,72 m até ao dia 3 de Maio, atingindo os 39,88 metros. No meio do intervalo de tempo, no dia 18 de Abril, as cotas estavam em 39,42 e 39,30 metros, respectivamente. Barragem de Odeleite no dia 18 de Abril de 2020, quando a escala marcava 39,42 metros. Barragem do Beliche no dia 18 de Abril de 2020, quando a escala marcava 39,30 metros. Barragens de Odeleite e do Beliche no dia 6 de Abril de 2020, quando as escalas marcavam 37,16 metros. Será com estes volumes de água que viveremos no Sotavento algarvio até que volte a chover em quantidades apreciáveis. Para perceber melhor o real significado destes números vale a pena olhar para outros dados disponíveis, como sejam os dos armazenamentos das duas barragens. Segundo o SNIRH, para a Barragem de Odeleite: O volume armazenado no final de Abril de 2020 (cota 39,89 metros), que corresponde a 49,07% da capacidade máxima de armazenamento, é o segundo mais baixo registado desde a construção da Barragem, em 1996. O pior final de Abril foi o de 2005, quando se registou a cota de 38,14 metros, que correspondia a 43,14% da capacidade máxima de armazenamento. Entre o final de Abril e o final de Outubro de cada ano, numa média calculada para os anos de 2001 a 2019, o decréscimo de armazenamento é de 20,60%. Se esta percentagem se aplicar à situação actual, no final de Outubro de 2020 o armazenamento corresponderá a cerca de 28,48% da capacidade máxima de armazenamento. No entanto, considerando a existência de 10% de volume morto, será útil apenas cerca de 18% da capacidade máxima de armazenamento. Os recursos hídricos armazenados na Barragem de Odeleite estarão, consequentemente, muito próximo do seu limite mínimo de segurança. E para a Barragem do Beliche: O volume armazenado no final de Abril de 2020 (cota 39,86 metros), que corresponde a 41,25% da capacidade máxima de armazenamento, é o segundo mais baixo registado desde a construção da Barragem, em 1986. O pior final de Abril também foi o de 2005, quando se registou a cota de 38,23 metros, que correspondia a 36,29% da capacidade máxima de armazenamento. Em 2016, no final de Abril, a quantidade de água armazenada era igualmente reduzida, estando a aproximadamente 43% da capacidade máxima de armazenamento. Entre o final de Abril e o final de Outubro de cada ano, numa média calculada para os anos de 2001 a 2019, o decréscimo de armazenamento é de 20,18%; para os anos de 2011 a 2019 esse valor eleva-se para 23,19%. Se este valor se aplicar à situação actual, no final de Outubro de 2020 o armazenamento utilizável corresponderá a cerca de 18,06% da capacidade máxima de armazenamento, considerando que o volume morto nesta barragem é muito reduzido. Os recursos hídricos armazenados na Barragem do Beliche estarão, consequentemente, muito próximo do limite mínimo de segurança, em igualdade de circunstâncias com o que acima se concluiu para a Barragem de Odeleite. Resumindo e concluindo, no início do próximo Outono é muito provável que estejam quase totalmente esgotadas as reservas das Barragens de Odeleite e do Beliche, fundamentais para as disponibilidades de água no Sotavento algarvio. Depois, voltar a existir água armazenada vai mesmo depender do que chover no próximo ano hidrológico, que começará em Outubro de 2020. A reforçar este cenário pessimista estará a expectativa de que 2020 poderá ser o ano mais quente desde que há registos. A atenuar, só mesmo um eventual decréscimo de consumo de água resultante de um Verão turístico mais fraco... Mas a verdade é que os avisos são muitos e a vontade política para os ouvir é, aparentemente, quase nula. A questão da emergência climática e da escassez estrutural de água no Algarve eclipsou-se completamente com a emergência sanitária, e corre o elevado risco de continuar eclipsada com a emergência económica que se aproxima a grande velocidade. Em Fevereiro passado, Matos Fernandes, Ministro do Ambiente e da Acção Climática, afirmou em Loulé que até Março haveria um Plano de Eficiência Hídrica para o Algarve. No dia da água (22 de Março), as Águas do Algarve afirmavam já ter um Plano delineado em cima da mesa, embora nada de consistente ainda fosse revelado. Agora que estamos no início de Maio é possível confirmar, uma vez mais, da urgência da conclusão e aprovação desse tal Plano e, especialmente, da concretização de acções concretas. Para mim, tenho como absolutamente certo que o Algarve necessita de um Plano para Gestão Integrada da Água, e não apenas de um plano para o uso eficiente. Uso eficiente resume-se a minimizar desperdícios. Gestão Integrada significa avaliar os recursos disponíveis e estabelecer a sua justa e ponderada distribuição pelos diversos utilizadores. O Algarve tem vivido com o mito dos recursos naturais infinitos na alma. Há e haverá sempre água na torneira, em casa, no escritório, no restaurante, no wc da grande superfície comercial, no relvado do jardim. A água é entendida como recurso inesgotável. É, no entanto, um paradigma que tem de mudar, porque é falso e a insistência nessa ilusão trar-nos-á, certamente, graves consequências num futuro próximo! #chuva #seca #precipitação #água #escassez #barragem #Odeleite #Beliche #SNIRH #Algarve #Sotavento

  • o porco na calamidade algarvia

    Portugal, o Algarve, entrou agora em estado de calamidade. Para acabar com o COVID-19 acabámos confinados em casa. Interromperam-se tradições da serra algarvia, como é o caso da matança do porco, que tinham importantes funções sociais e comunitárias, para além de um estatuto de relevo na dieta mediterrânica. A matança caseira do porco foi proibida há uns bons pares de anos mas, na verdade, o peso da tradição é bem mais forte do que a força da lei. Consequentemente, aqui e ali pela serra algarvia, de Monchique a Alcoutim, e provavelmente por todo o país rural e interior, continuam a matar-se porcos à antiga, em casa. Muito são os motivos para tal. O porco é um animal robusto, de criação fácil em cativeiro, e é um importante agente de reciclagem, porque come de tudo. Não há restos que lhe resistam! Para além disso, no porco tudo se aproveita e o animal oferece múltiplos produtos que podem ser consumidos ao longo de meses. A carne para consumo em fresco, a carne conservada em sal ou na arca frigorífica, os presuntos, a carne migada para os enchidos, chouriças e morcelas, a banha. As pequenas aves de criação, como as galinhas, não proporcionam nada disso e a única vantagem comparativa de que se podem gabar é mesmo a dos ovos. O porco tem, na cultura serrenha algarvia, uma ligação à festa. Na matança são precisos vários homens para cumprir todos os procedimentos inerentes ao acto. Na família nuclear não há braços suficientes e é necessário que vizinhos e amigos compareçam para ajudar. E claro está que no final da matança ninguém vai em casa, fica para a festança... Se a matança e a desmancha do animal são tarefas masculinas, migar carne, lavar tripas e fazer enchidos são tarefas femininas. Logo, para a matança e depois para a festança juntam-se as famílias completas. No futebol ou na petanca só participam os homens; as mulheres ficam à parte, a tratar da casa e dos filhos. Na matança do porco participam todos e, assim sendo, é uma verdadeira oportunidade para unir famílias completas. Curiosa é, actualmente, a dualidade associada à matança caseira do porco na serra algarvia. Por um lado, pratica-se com a preocupação de manter alguma discrição, não vá a guarda aparecer. Mas, por outro, já é motivo para eventos promovidos por associações e juntas de freguesia, como é o caso da Associação dos Amigos da Cortelha que organiza, anualmente, no meses de Janeiro, uma muito participada caminhada pela Serra do Caldeirão, temperada com a recriação da matança tradicional do porco! A verdade é que tal dualidade assenta no desconhecimento da lei. O abate de suínos fora dos matadouros é proibido se a carne e outros sub-produtos dos mesmos se destinarem ao consumo público (Decr.-Lei nº 28/84, de 20 de Janeiro). Mas quando é destinada ao autoconsumo, ou seja, sem qualquer finalidade comercial, é permitida (Decr.-Lei nº 142/2006, de 27 de Julho, e Despacho nº 14535-A/2013). De acordo com a ASAE, é autorizada a matança em duas condições: Para autoconsumo, desde que as carnes obtidas se destinem exclusivamente ao consumo doméstico do respetivo produtor, bem como do seu agregado familiar, e numa quantidade não superior a 3 suínos por ano. "Matança tradicional de suíno", organizada por entidades públicas ou privadas, desde que as carnes se destinem a ser consumidas em eventos ocasionais, mostras gastronómicas ou de caráter cultural. #COVID19 #matançadoporco #Algarve #Tavira #dietamediterrânica #ASAE

  • COVID-19 de Augusto Brázio no Público de hoje

    O Ípsilon do Público publicou hoje, 1 de Maio de 2020, um extenso artigo assinado por José Marmeleira e Lucinda Canelas, dedicado ao trabalho ou à sua interrupção, de alguns fotógrafos portugueses em tempos de COVID-19: André Cepeda, António Júlio Duarte, Augusto Brázio, Catarina Botelho, Daniel Blaufuks, Edgar Martins, José Pedro Cortes, Manuela Marques, Paulo Catrica, Tatiana Macedo, Valter Vinagre e também Augusto Miranda, João Pina e Mário Cruz. O título do trabalho é desafiante e a imagem que o ilustra também não o é menos. Foi escolhida uma fotografia da série perturbadora de retratos que Augusto Brázio tem vindo a publicar no seu Facebook. Tenho procurado seguir 'passo-a-passo' o evoluir desse trabalho do fotógrafo natural do Alentejo (Brinches, Serpa), que recentemente conheci em Lagoa, no Algarve, durante os Encontros Internacionais da Política e da Imagem, e que até entrevistei para o jornal regional Barlavento. Esta série de imagens está profundamente embebida por todo o fascínio do retrato e plena de incógnitas. Quem são os retratados de Brázio, duplamente escondidos nas máscaras e na (falta de) iluminação que frequentemente oculta partes dos seus rostos? Pessoas que o fotógrafo encontrou na rua e retratou com um mínimo de preparação, ou uma encenação quase levada ao absurdo, quase uma crítica velada ao medo que, de repente, se instalou entre tantos portugueses? São, muito provavelmente, estas perguntas sem resposta que não me deixam tirar os olhos de cada uma das imagens que Augusto Brázio vai fazendo desfilar nas redes sociais e que o Ípsilon agora colocou em evidência. Na sua conversa com José Marmeleira, o fotógrafo deixou algumas pistas: Como é que posso pegar no que está a acontecer e colocar na minha visão? Estou, ao mesmo tempo, a trabalhar, a reflectir e a mostrar. Estes retratos lisboetas de Augusto Brázio fizeram-me revisitar hoje, por alguns minutos, três livros editados por três fotógrafos portugueses do presente ou de um passado recente. olha para mim, do mesmo Augusto Brázio, editado em 2006 pela oficina do livro, Retratos, 1970-2018, de Alfredo Cunha, editado em 2018 pela tinta-da-china, e Revelações, do mestre Eduardo Gageiro, editado em 1995 pelo próprio fotógrafo. E revisitar igualmente os postais ilustrados da série Tochas, de Vasco Célio, que infelizmente nunca chegou a ganhar forma de fotolivro. Alfredo Cunha, note-se, tinha já publicado uma fotogaleria no Público online, com o seu olhar a preto e branco sem artifícios, sobre a pandemia em Portugal... São três livros incontornáveis para a fotografia portuguesa actual editada. Três livros distintos, entre o rigor e o formalismo de Cunha, pelo subtil e criativo humor de Gageiro, até à sempre imprevisível irreverência de Brázio. A verdade é que já lá estava um olhar singular, de fotógrafo-autor. Os retratos singulares dos singulares lisboetas protegidos do COVID-19 'até à medula' foram feitos pelo mesmo que um dia terá dito e repetido olha para mim. Em 2006, Eduardo Prado Coelho escreveu-lhe: Há (...) fotógrafos que continuam a perseguir o ser humano. E uma das vertentes do complexo trabalho de Augusto Brázio é precisamente essa. (...) Rostos, às vezes extremamente próximos, corpos para quem os lugares são cadências íntimas - é este o material essencial das imagens de Augusto Brázio. Mas por um enorme investimento formal, e muitas vezes por uma elaboração quase conceptual de cenários e enquadramentos, Augusto Brázio consegue avançar nessa espécie de território ilimitado que é o conhecimento do outro através daquilo que dele vemos. #COVID19 #AugustoBrázio #Ípsilon #Público #AlfredoCunha #EduardoGageiro #VascoCélio #retratos #medo

  • Almeida d'Eça em bilhetes-postais e capas de discos

    A importância das fotografias algarvias de Asta e Luís de Almeida d'Eça, feitas na sua quase totalidade entre as décadas de 1960 e de 1980, vai-se relevando lentamente. O casal luso-dinamarquês teve como clientes regulares a Região de Turismo do Algarve (então Comissão Regional de Turismo do Algarve) e também a TAP, e algumas das suas fotos foram utilizadas em cartazes e folhetos para a promoção turística da região, correndo mundo. Mas o casal de fotógrafos também terá fornecido imagens para ilustrar capas de discos e cassetes, e editou a sua própria Colecção d'Eça, de bilhetes-postais ilustrados. Entre os discos, é possível referir o LP CORRIDINHOS DO ALGARVE, editado provavelmente em 1983 pela editora lisboeta Riso e Ritmo Discos, Lda, com a referência RR LP 2098. A mesma colectânea musical teve também uma edição em cassete. A fotografia utilizada na capa foi feita em Alte no final dos anos de 1960, com elementos do Rancho Folclórico de Alte a dançar um corridinho algarvio no pátio da casa que hoje pertence ao artista plástico Daniel Vieira. Outro vinil é o LP Souvenir from Hotel Algarve - Praia da Rocha | Edmundo Falé live at Arabesque, editado pelo próprio hotel em 1987. As duas fotografias, uma na capa e outra no interior, são seguramente do casal de fotógrafos, embora não exista qualquer referência aos mesmos no disco. Uma comparação entre as fotografias da capa do disco e o arquivo do Centro de Estudos em Fotografia de Tomar permitiu atribuir, com grande segurança, a autoria das duas fotos a Asta e Luís de Almeida d'Eça. Além disso, a fotografia do interior (em cima, à direita), é um bom exemplo do olhar criativo do casal, que com frequência escolhia pontos de vista em que o motivo principal estava parcialmente escondido atrás de elementos vegetais. Conseguiam assim enquadramentos distintos do habitual e muito cativantes, onde parecia existir sempre a opção por olhares voyeuristas, para aguçar a atenção e a vontade do público. Da colecção de bilhetes-postais ilustrados são conhecidos dois, embora deverão ter sido editados bastante mais. O primeiro bilhete-postal é o n.º 17 da Colecção d'Eça e o segundo é o n.º 23. Curiosamente, estes dois que até agora foi possível reunir ilustram duas temáticas a que Asta e Luís de Almeida d'Eça dedicaram muito tempo e atenção: o Algarve turístico, do Sol, das praias e da hotelaria de qualidade, e o Algarve genuíno, com as suas gentes rurais e piscatórias e os seus costumes quotidianos, agora já tradicionais.

  • ALJEZUR beaches & surf OFF

    Da Praia do Amado a Odeceixe, o litoral do concelho de Aljezur já não o co(n)vida e por isso ficou deserto... No ar há uma beleza penetrante e perturbadora. Ninguém, nenhum carro, autocaravana ou wild camper, praias desertas, múltiplas, repetitivas e variadas barreiras a impedir a circulação habitual, comércio e serviços fechados ou a precisar de afirmar que não é assim. A capital do surf algarvio capitulou e o sabor da batata-doce consta que já estará a amargar... Local condicionado é a frase preferida de quem mais ordena por estes dias. Foi o que conclui no passado domingo, 19 de Abril de 2020, quando fui um irresponsável e atravessei o concelho de Aljezur pelo litoral, de Sul para Norte! Ao modelo de turismo de natureza que tem reinado no litoral de Aljezur, nos mais recentes anos, foi imposta uma quebra abrupta e agora está na moda afirmar-se que o novo normal será muito diferente do passado recente. Aljezur poderá ser um exemplo disso? Que turismo surgirá num futuro próximo? Que impacte irreversível na biodiversidade, na sociedade e na economia aljezurense tem o COVID-19? Como é que território e população se vão adaptar ao novo normal, quando eles mesmo, no presente, já são tão peculiares? O futuro o dirá! O irmão pobre do turismo é o alojamento local, para o qual se prevê um grande tombo... Vai ser o contrário. Vai haver um crescimento dessa actividade. O que é uma família prefere? Ir para um resort com mais 200 pessoas, ou ir com para uma casa simpática em ambiente controlado, desde que haja garantias de limpeza e de higiene? Parece-me óbvio, quer ir para a casa. É o que eu acho. Uma certeza tenho: em todos os sectores do turismo vai haver uma queda de preços, neste também, e tão cedo não se voltarão aos preços e às taxas de ocupação anteriores. Excerto da entrevista a Mário Ferreira, dono do grupo Mystic Invest, empresa de cruzeiros de mar e de rio e de hotéis, no Público de 21 de Abril de 2020! #Aljezur #Carrapateira #Bordeira #Arrifana #Odeceixe #Algarve #COVID #surf #turismo #condicionado

  • A serra de Tavira Co(n)vid(a)

    Um breve ensaio fotográfico pela serra de Tavira assustada, num dia de confinamento social! A mim pouco me importa, mas o que anda o senhor aqui a fazer? Não devia estar em casa? #Tavira #Algarve #COVID #coronavirus

  • Carta Agrícola e Florestal de Loulé no início do Séc. XX

    Um dos últimos ‘sonhos’ do recentemente desaparecido Luís Fraga da Silva era publicar uma versão detalhada e completa da Carta Agrícola e Florestal do concelho de São Brás de Alportel nos anos de 1900 (adoptando para tal os seus limites administrativos actuais). Tal iniciativa nunca recebeu, no entanto, qualquer acolhimento e apoio do executivo municipal sambrasense, atitude que muito desapontou e entristeceu o digno investigador algarvio. Respeitando tal mágoa de Luís Fraga da Silva nunca trabalhei sobre São Brás de Alportel e, em alternativa, fiz incidir a minha atenção e um esforço de muitas horas sobre os concelhos algarvios de Loulé e Lagoa. Em sua memória torno agora pública uma versão da Carta Agrícola e Florestal do concelho de Loulé no início do Século XX. Trata-se, inegavelmente, de um marco histórico e um relevante contributo cartográfico para o estudo da história recente dos usos do solo desse território algarvio, permitindo retroceder cinco décadas na linha do tempo, já que a mais antiga Carta Agrícola e Florestal até agora conhecida está datada da década de 1950. Num futuro próximo, esta nova (velha) Carta sobre Loulé, e também uma outra sobre Lagoa, serão apresentadas de forma detalhada e completa. Mas como nestes tempos de recolhimento e distanciamento social é necessário abrir portas e janelas e respirar um pouco dos bons ares algarvios... #LuisFraga #LuisFragadaSilva #Loulé #Algarve #CartaAgrícolaeFlorestaldePortugal #cartografia #história

  • De Lagos a Lagoa, um mar de praias desertas!

    FIQUE EM CASA | STAY AT HOME são as palavras de ordem para um esforço colectivo de resistência perante o intruso COVID-19. Fecharam-se as escolas, fechou-se o comércio não essencial, fecharam-se os aeroportos, os hotéis, os restaurantes. Fecharam-se estradas, fechou-se quase tudo. Abriram-se hospitais... Depois fecharam-se as praias e até se fechará a Páscoa. O Mundo está zangado e o Algarve está fechado. O Algarve turístico do Sol e do Mar ficou, de repente, sem mar. Resta o Sol, o céu azul, as praias desertas onde as pegadas humanas vão ficando escassas ou já são mesmo nenhumas. Até quando? Estas 15 fotografias são de um dia (3 de Abril de 2020) passado entre a praia da Luz, no concelho de Lagos, e a praia da Marinha, no de Lagoa. Pelo caminho, passei pelas praias da Batata, Meia Praia, Alvor, Vau, Rocha, Carvoeiro e Carvalho. E em todas o acesso ao areal está fechado, de forma intransponível ou nem tanto... #Lagos #Portimão #Lagoa #praias #COVID #coronavirus

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