top of page

Search Results

285 items found for ""

  • Almeida d'Eça em postais

    O ALGARVE de ASTA e LUÍS DE ALMEIDA D'EÇA começa a apresentar-se ao Mundo! Aqui estão os três primeiros postais da série que irá ser publicada ao longo de 2020. Edições únicas e irrepetíveis de 1500 exemplares, em tamanho 15 x 15 cm, para verdadeiros apreciadores e coleccionadores! Uma forma de celebrar a arte fotográfica e o legado cultural que o casal Asta e Luís de Almeida d'Eça nos deixaram, e que nos possibilitará conhecer melhor o Algarve em imagens nunca antes vistas. O resultado de um importante esforço conjunto dos Encontros de Fotografia de Lagoa e do Centro de Estudos em Fotografia de Tomar, com o apoio das Câmaras Municipais de Lagoa e de Tomar, da Universidade do Algarve, do Instituto Politécnico de Tomar e da Região de Turismo do Algarve.

  • tempos difíceis...

    Pairam tempos difíceis sobre o nosso Algarve. São nuvens que se acastelam num céu antes azul. São linhas que se perdem na viagem...

  • Desperdício de água no Algarve

    O filósofo José Gil escrevia ontem à noite no Público online, num ensaio intitulado O medo, que: "Esta terrível experiência que estamos a viver constitui apenas uma antecipação, e um aviso, do que nos espera com as alterações climáticas." Aurélio Nuno Cabrita perguntou recentemente no Sul informação, num oportuno texto de opinião, se O Algarve precisa de uma nova barragem na Foupana ou de "novos" autarcas? Com frontalidade afirmou que uma barragem na Ribeira da Foupana, tão suspirada por alguns, será de utilidade muito reduzida para resolver os problemas da escassez de água na região, e especialmente no Sotavento. Remata a discussão com uma frase simples, objectiva e (quase) inegavelmente verdadeira: "Se não chover, as albufeiras não enchem, exista uma ou uma dezena." Em alternativa à referida barragem preconiza autarcas mais competentes, "à altura do século XXI" e dos complexos desafios a que é indispensável fazer face. Aurélio Nuno Cabrita aponta um problema, que apelida de realidade traumática, e sobre ele incide grande parte da sua análise e discussão: cerca de 30% da água que entra nos sistemas de abastecimento não é faturada. Ou seja, perde-se nas condutas... À semelhança dos comentários acima referidos, o Eng.º do Ambiente fala verdade. No entanto, não esclarece o real significado desse número e pode induzir os seus leitores a uma conclusão que está alheada da realidade, porque, na verdade, resolver o problema do desperdício de água nas condutas ajudará certamente, mas muito pouco, para resolver a realidade da escassez permanente e acentuada, mesmo "traumática", de água no Algarve. Vejamos: No Algarve, no ano de 2017, de acordo com a Pordata, foram distribuídos pelas redes de abastecimento público dos 16 municípios 54.056 milhares de metros cúbicos de água, o que corresponde a um consumo anual de 118,9 m3 por habitante servido com um sistema público de abastecimento de água. Note-se que na região há ainda quase 10% da população que não recebe água através dessa rede. Segundo a ERSAR, no ano de 2018, para 14 municípios algarvios, há em média um desperdício de 31,9% da água distribuída nesses mesmos sistemas públicos de abastecimento de água. Consequentemente, se não houvesse esse desperdício, estariam disponíveis mais 15.257 milhares de metros cúbicos de água! Este volume anual de água é a tradução de um número considerável (31,9%), mas ambíguo, em algo bastante concreto e objectivo (15.257 milhares de m3). No entanto, quando se compara esse número com a capacidade de armazenamento das barragens algarvias, percebe-se o seu significado a partir de uma perspectiva diferente. Vejamos: As seis barragens algarvias têm, de acordo com o SNIRH, uma capacidade útil de armazenamento de cerca de 423.650 milhares de metros cúbicos. Como toda a análise em curso está centrada no abastecimento, pode-se dar especial atenção às três barragens vocacionadas para o abastecimento (Odelouca, Odeleite e Beliche) e, então, a capacidade útil de armazenamento é de 321.600 milhares de metros cúbicos de água. Logo, a água desperdiçada nos sistemas públicos de abastecimento não é mais do que 4,7% da capacidade útil de armazenamento das três acima referidas barragens. E o que parecia muitíssimo é, afinal, relativamente pouco... De qualquer forma, é possível fazer dois rankings (e cada ranking vale o que vale...) dos municípios que mais desperdiçam água no Algarve. O primeiro usa como critério de seriação a percentagem de água não facturada, ou seja, a percentagem de água desperdiçada anualmente nas condutas municipais São Brás de Alportel, Silves e Vila do Bispo surgem, respeitando-se este critério, no topo da gestão desmazelada da água. O segundo ranking é distinto e usa como critério de seriação o volume total de água não facturada, ou seja, a quantidade efectiva de água anualmente desperdiçada nas condutas municipais. Analisando os dados disponíveis desta forma, são então Loulé, Albufeira e Lagos os leaders algarvios da gestão desmazelada da água! Três concelhos grandes, fortemente turísticos e financeiramente confortáveis pelas receitas que esse mesmo turismo gera continuamente para os cofres municipais. Mais palavras para quê... Igualmente preocupantes são outros números que se podem consultar na Pordata, como os dos valores anuais médios de consumo de água por habitante. A série homogénea disponível começa em 2011 e os valores anuais até 2016 estão sempre próximos de 100 m3/hab.ano. Mas nos anos mais recentes há um aumento progressivo e o máximo foi atingido em 2017. Em síntese, cada vez se consome mais água, quando o imperiosamente necessário seria economizar! Não se aqui pretende contradizer a recente opinião de Aurélio Nuno Cabrita, mas sim complementá-la e destacar que o problema da escassez estrutural de água no Algarve não se resolve com a eliminação do desperdício (fugas) nas condutas dos sistemas públicos de abastecimento de água. Essa tarefa pode ser necessária mas está longe de ser suficiente e muito longe de ser uma parte relevante da solução. Regressando ao ensaio do filósofo José Gil, ao medo, à pandemia de COVID-19, às alterações climáticas e à escassez estrutural de água no Algarve, um outro medo paira já, ou começará a pairar em breve, sobre as populações do Sotavento algarvio. O medo da aridez permanente, da avassaladora desertificação física e humana, da inviabilidade crescente da ocupação do território, do surgimento de refugiados climáticos a partir do Sotavento algarvio e, também, do baixo Alentejo interior. É esse um caminho que estamos irrefutavelmente a trilhar, só que nos distraímos dele porque agora todas as atenções estão exclusivamente centradas no COVID-19.

  • Barragens algarvias com menos água em Fevereiro

    O Algarve, como se sabe, continua em situação de seca meteorológica. A precipitação tem estado muito abaixo dos valores normais e de acordo com os dados mais recentes fornecidos pelo IMPA, relativos ao final de Janeiro de 2020, o Sotavento está em situação de seca severa e o Barlavento em seca moderada. Comportas da Barragem de Odeleite no dia 1 de Março de 2020 A falta de precipitação continua também a fazer-se sentir nas reservas de água das barragens do Sotavento algarvio (Odeleite e Beliche), as quais estão destinadas ao abastecimento para consumo humano, e na Barragem da Bravura (Barlavento), vocacionada para a rega. Nas três albufeiras, depois dos modestos aumentos verificados durante os meses de Dezembro e Janeiro, em Fevereiro inverteu-se a tendência de acumulação de água e ocorreu um ligeiro decréscimo nas reservas disponíveis. Na Barragem de Odeleite, entre finais de Janeiro e de Fevereiro de 2020, as reservas decresceram 1,3 milhões de metros cúbicos [ou -1,0% da capacidade máxima de armazenamento]. O normal seria haver um aumento de 2,9 milhões de m3 [+2,3%]. Se a comparação for feita com o início do presente ano hidrológico, na albufeira de Odeleite há agora menos água armazenada (menos 0,5 milhões de m3 [-0,4%]) do que no início de Outubro de 2019. A situação não é diferente para as Barragens do Beliche e da Bravura. Na primeira, entre finais de Janeiro e de Fevereiro, as reservas de água decresceram 0,4 milhões de m3 [-0,9%]. O normal seria haver um aumento de 0,9 milhões de m3 [+1,8%]. Na Bravura, os números são, respectivamente, de -0,4 e +1,4 milhões de m3 [-1,2% e +4,0%]. De igual forma, nas duas albufeiras há agora menos água armazenada (-0,1 e -0,9 milhões de m3 [-0,3% e -2,6%]) do que no início de Outubro de 2019. Nas outras três Barragens do Barlavento (Odelouca, Funcho e Arade, a primeira vocacionada para o abastecimento e as duas restantes, ligadas entre si, destinadas à rega) a situação é, em parte, diferente: entre finais de Janeiro e de Fevereiro de 2020, as reservas de água aumentaram 1,1 milhões de metros cúbicos [ou +0,7% da capacidade máxima de armazenamento] em Odelouca e decresceram 0,6 e 0,1 milhões de m3 [-1,2% e -0,2%], respectivamente, no Funcho e no Arade. Mas se a comparação for feita com o início do presente ano hidrológico, na albufeira de Odelouca há agora mais água armazenada (24,9 milhões de m3 [+15,9%]) do que no início de Outubro de 2019. No Funcho e no Arade os números são, respectivamente, de mais 7,2 e 5,8 milhões de m3 [+15,1% e +20,7%]. Em síntese, em três das seis barragens algarvias, não há quaisquer ganhos de reservas de água nos primeiros cinco meses do presente ano hidrológico (do início de Outubro de 2019 até final de Fevereiro de 2020). Nas restantes três, os ganhos situam-se entre 15 e 20% das suas capacidades máximas de armazenamento. Por outro lado, no conjunto das seis barragens da região, Fevereiro não foi, ao contrário do normal, um mês de acumulação de água, mas sim de ligeiros decréscimos nas reservas disponíveis. Se a atenção estiver particularmente centrada no abastecimento de água para consumo humano, no Sotavento (barragens de Odeleite e Beliche) a situação continua muito preocupante e tende a agravar-se ainda mais. Em contrapartida, no Barlavento (Odelouca), a gravidade da situação atenuou-se. Assim, perante o actual estado das 'coisas', e mesmo com as atenções todas focadas no COVID-19, só nos resta a nós, algarvios, depositarmos esperança num velho ditado serrenho: dia de Santa Maria a rir, a Inverna está para vir; dia de Santa Maria a chorar, a Inverna está para abalar! Como no passado dia 2 de Fevereiro (dia de Santa Maria) o céu estava azul, se o prognóstico se confirmar, menos mal para nós. Caso contrário, os próximos tempos adivinham-se mesmo difíceis...

  • P O R C E L A N A

    Rafael Correia (Gijoe | Sickonce), DJ e produtor de Faro, é, cada vez mais, um nome incontornável no panorama cultural algarvio da actualidade. Ontem, sábado 29 de Fevereiro, com o rapper Perigo Público (Élton Mota) e uma mão bem cheia de bons convidados, apresentaram ao vivo P O R C E L A N A no Cine-Teatro Louletano. Um espectáculo bonito com gente bonita (no palco e na plateia) que beija (nem que seja na mão!) o que nasce algarvio e ultrapassa quaisquer fronteiras, foi dizendo Élton Mota, nascido e criado em Quarteira. Mas para que esses momentos fossem especialmente inspiradores, muito contaram os ambientes visuais e sonoros construídos momento a momento, durante todo o espectáculo, por Rafael Correia...

  • acordeão algarvio para todas as idades

    No rescaldo do 8.º aniversário da Mito Algarvio - Associação de Acordeonistas do Algarve não pode ficar esquecida esta imagem feita num momento em que a electricidade tinha faltado em Altura, Castro Marim, e ao palco subiram Sérgio Conceição, Rodrigo Maurício, Hugo Madeira e também o pequeno Miguel Pereira, filho de João Pereira, presidente da Mito Algarvio. Os acordeonistas tocaram à antiga, em modo acústico, e a ninguém passou desapercebido o ar de alegria do Miguel, no palco, a mostrar que filho de peixe saber nadar e filho de acordeonista também sabe tocar. Houve até quem quisesse aproximar-se do pequenote para confirmar que ele tocava mesmo!!!

  • ganhar a vida com respeito

    CABO VERDE Em Cabo Verde celebra-se hoje o Dia Nacional do Pescador. A Associação LANTUNA, uma ong de ambiente, vai comemorar a data na cidade da Praia e também em Porto Mosquito e Porto Rincão, através da exposição de um conjunto de quatro outdoors com o lema: ENTRE A PESCA E A BIODIVERSIDADE GANHAR A VIDA COM RESPEITO Entre as duas localidades, ambas localizadas na costa Sudoeste da Ilha de Santiago, fica a Baía do Inferno, um local especial. O lema, as imagens e os outdoors procuram enaltecer e imortalizar a paisagem, os pescadores, a biodiversidade e o dia a dia comum. As fotografias e o lema são da minha lavra, a composição gráfica de Luís A. Fortes de Burgo. O resultado é fantástico ;-)

  • Música Portuguesa Criativa

    É extraordinária e melodiosa a música portuguesa criativa (MPC) que João Frade levou na passada noite de 30 de Janeiro até ao Auditório do Solar da Música Nova, em Loulé. E quando essa MPC é temperada com os melhores perfumes cubanos, então são verdadeiras pérolas preciosas para os nossos ouvidos e também para os olhos! «Andei anos sem saber como apresentar a minha música. Embora não goste muito de rótulos, agora já tenho uma definição: é música portuguesa criativa», explicou-me João Frade durante uma entrevista para o barlavento. «É música com um carácter e uma melodia ligados a este cantinho, a esta terra portuguesa onde eu componho, criativa porque tenho muito o espírito de criar no momento, sem que me pareça certo chamar-lhe improvisação.» E foi exactamente esta MPC que encheu o Solar da Música Nova. Os prazeres pelos diálogos musicais multiculturais acrescentaram-lhe ainda uns magníficos Carris sul-americanos, tema de Michel Oliveira que também foi apresentado durante o concerto. Não há muito mais palavras para descrever as três horas, que pareceram três fugazes minutos, em que João Frade no acordeão, Michael Olivera Garcia na bateria e Yarel Hernández Espinosa no baixo pisaram o acolhedor palco louletano. As melodias e a energia que os três instrumentistas trouxeram permitem-me afirmar: Felizes todos aqueles que estiveram presentes nessa noite memorável, pobres todos aqueles que faltaram à chamada! Michael Olivera e João Frade têm já uma ligação de anos. O baterista, que presentemente vive em Madrid, compôs, tocou e co-produziu o disco homónimo (João Frade) do acordeonista algarvio, editado em 2019. Sobre Michael, Frade relatou-me: «é um baterista incrível, um dos melhores do mundo, e adoro a forma como compõe. Conheci-o em Madrid e ele convidou-me para fazer parte da sua banda.» Michael retorquiu durante o concerto: «Tenho temas que compus para piano. Mas quando o João os interpretou no acordeão percebi que era mesmo aquilo. Os temas afinal não eram para o piano, são para acordeão!» Relativamente a Yarel Hernandez, João Frade esclareceu: «Só o conheci há dois dias, quando ele chegou a Loulé. Foi o Michael que sugeriu que o convidasse. É um guitarrista que esta noite vem tocar baixo de forma diferente e super peculiar. Quando começámos a ensaiar surgiu rapidamente uma química muito bonita e agora já é da família. É mesmo um prazer tocar com dois músicos incríveis como eles.» E para rematar um concerto singular e único, Paulo Pires, o incansável programador cultural da Câmara Municipal de Loulé, subiu ao palco por duas vezes, para interromper a música e transformar o evento numa saborosa tertúlia-concerto, o formato típico das Conversas à Quinta que regularmente vai acontecendo pelos espaços culturais do município. Com estas Conversas torna-se possível conhecer melhor não só a música mas também os músicos que a concebem, criam, interpretam e tocam. É um exercício enriquecedor, que permite aproximar artistas e públicos. E quando são artistas com raízes algarvias, mesmo que viajem e actuem regularmente por todo o mundo, é um exercício que contribui para o conhecimento e para a afirmação da identidade regional. Com João Frade, essa identidade afirma-se pela criatividade portuguesa do músico e consubstancia-se através de um instrumento: o acordeão. Sobre ele escreveu Paulo Pires, em 2017, na página 39 dos seus Escrytos: "No princípio era o ar... (...) a substância básica da existência, o princípio único criador, omnipresente e essencial ao crescimento de todas as coisas. O acordeão vive desse sopro vital, dos ditames de um fole (im)previsível que parece conter a vida toda lá dentro: sereno ou ofegante, relaxado ou contraído, sonoro ou (mais) silencioso - como o pulsar de um coração que precisa desse 'vento' que lhe insufla o fôlego primordial." A conversa com João Frade permitiu também levantar o véu sobre o que se está a preparar neste ano de 2020. Para além de uma nova digressão com a Mariza, que lhe preenche grande parte da agenda, está prometido para breve um novo disco, na sequência de João Frade. Mas não será o único, porque estão terminadas as gravações de um outro disco do ‘Pedro Jóia Trio’ com Nuno Guerreiro (louletano e que ganhou grande destaque como vocalista da ‘Ala dos Namorados’). «Vai ser surpreendente» assegura Frade, que revelou ter mais alguns projectos, ainda em fase inicial. E em 2020 também verá finalmente a luz do dia o disco dos ‘Moda Vestra’, para além do acordeonista ter a expectativa de vir a participar ao vivo em alguns dos concertos que os ‘Mare Nostrum’ têm já agendados.

  • Nova ponte em Tavira V.04

    Janeiro de 2020 está no final e as obras de construção da nova ponte rodoviária tavirense avançam dia após dia. Esta manhã repeti uma rotina que se está a tornar mensal, de documentar o evoluir da intervenção no centro histórico da cidade. Os trabalhos progridem lentamente e, como se pode ver, acontecem quase todos na metade nascente da ponte. Uma secção do tabuleiro da antiga ponte provisória já foi totalmente retirado e as atenções estão agora concentradas nas fundações de um dos pilares da futura travessia do rio. Decorre, também, em ambas as margens, a consolidação do antigo paredão... Para rever como estavam as obras no final de Dezembro passado, de Novembro e ainda de Outubro de 2019.

  • Quatro fotógrafos portugueses estiveram a olhar para Lagoa e agora mostram os resultados

    Augusto Brázio, o curador dos encontros internacionais da política e da imagem de lagoa 2020 Com política&imagem - encontros internacionais da política e da imagem de lagoa 2020, o Município de Lagoa volta a destacar-se no panorama algarvio da fotografia contemporânea. Os encontros internacionais, que decorreram entre 15 e 18 de Janeiro, integraram exposições com os resultados de projectos fotográficos, a par de conferências e mesas redondas, e ainda um ciclo de cinema dedicado a Sérgio Tréfaut. São, igualmente, uma forma do Município de Lagoa comemorar mais um aniversário, o 247.º, e uma oportunidade para a apresentação pública do desenvolvimento da Casa da Cidadania. As exposições de fotografia, que estão situadas no Convento de São José, no Salão Paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Luz e nos Antigos Paços do Concelho de Lagoa, vão estar patentes ao público até ao final de Março, tornando possível, mesmo a quem não assistiu aos restantes eventos, conhecer os resultados das residências fotográficas que decorreram no concelho de Lagoa, no Verão passado. A coordenação geral do projecto da Casa da Cidadania de Lagoa é da responsabilidade do antropólogo Paulo Lima e a curadoria dos projectos fotográficos coube ao fotógrafo Augusto Brázio. À conversa com este último foi possível compreender a génese e os objectivos dos encontros internacionais de fotografia, e também o intuito dos diversos projectos fotográficos. O Paulo e eu discutimos as temáticas que nos poderiam interessar e depois pensámos nos nomes dos fotógrafos que iríamos convidar para as concretizar, em função dos temas e do percurso artístico de cada um fotógrafos. E também convidámos o fotógrafo João Pina, que tem estado na Colômbia, a acompanhar os refugiados venezuelanos. Ao Paulo Catrica pedimos que olhasse para o território e ele criou um documento ligado à paisagem, a lugares que não são aqueles que encontramos quando chegamos a um local turístico. Intitula-se prospectus e podemos dizer que é um projecto sobre lugares banais. É uma contemplação e uma reflexão sobre esses lugares, menos visíveis. Eu próprio desenvolvi um trabalho ligado à indústria do turismo, a que dei o nome de filhos do sol - a busca do idílico. Procurei olhar para ela sob o ponto de vista dos fruidores desta indústria, aquelas pessoas que vêm para aqui para usufruir do Sol, do mar, de actividades desportivas como o golfe, da animação nocturna, etc. A Lara Jacinto, que intitulou o seu trabalho de paraíso, olhou para pessoas que asseguram o funcionamento desta indústria. Pessoas que vieram de fora, que não são desta região, que não são portuguesas, mas que são importantes e necessárias para assegurar uma parte do funcionamento regular da indústria do turismo no concelho. O Valter Vinagre, por último, fotografou corações ao alto, um trabalho sobre as confissões religiosas, porque todas estas pessoas que vêm trabalhar para cá e que vêm para cá viver, ou que vêm de férias, acabam por trazer os seus usos e costumes e também as suas religiões. É um fenómeno comum, porque quando uma comunidade se instala num local, a faceta religiosa dessa comunidade também vem. Desenvolveu retratos de seis confissões religiosas, em seis espaços onde essas religiões têm as suas práticas próprias. É uma exposição muito cénica, sob diversos pontos de vista. Assim, em síntese, as quatro exposições fotográficas, resultado das residências de Augusto Brázio, Lara Jacinto, Paulo Catrica e Valter Vinagre no concelho de Lagoa, constituem um puzzle feito de peças que são simultaneamente olhares sobre o concelho, conseguidos não só através das lentes dos quatro envolvidos, mas também da visão de cada um deles sobre o concelho e a realidade complexa que o mesmo constitui. Paulo Catrica tem o seu olhar focado nas retaguardas do território, nos ‘espaços e nas paisagens expectantes’, um tema que tem sido registado por diversos fotógrafos portugueses, territórios que a economia ainda não resolveu, como afirmou o fotógrafo na mesa redonda ‘Documentar...’. Lara Jacinto trabalhou sobre uma outra retaguarda, humana e arquitectónica, onde se cruzam pessoas que vindas do estrangeiro estão em Lagoa para trabalhar, com imagens de locais de trabalho dessas pessoas e dos bastidores dos espaços turísticos. Valter Vinagre construiu um olhar muito peculiar, e de certa forma também reservado, sobre credos religiosos que coexistem em Lagoa: as Igrejas Católica, Adventista, Anglicana, Luterana e Maná, e a Comunidade Islâmica. Olhar centrado em Padres, Pastores e num Imã, e também nos detalhes mais especiais dos seus sítios de culto, como os livros do saber, as imagens simbólicas, os alimentos de partilha e o altar. Coube a Augusto Brázio trabalhar sobre as faces mais visíveis, essencialmente humanas, do litoral do concelho, onde o turismo multifacetado comanda a vida. Augusto Brázio explicou também que a Casa da Cidadania e os encontros internacionais editaram a série de cadernos Política&Imagem2020Lagoa, integrados na coleção Manifesto da Casa da Cidadania. São cinco cadernos e cada um integra todas as fotografias dos projectos expostos, para além de um breve texto introdutório e explicativo e uma ficha biográfica sobre os próprios autores. São individuais porque temos o propósito de criar uma colecção que vai crescendo, sempre com o mesmo formato e layout gráfico. Há o propósito de que estes encontros internacionais sejam anuais e de que a colecção vá aumentando. Houve simultaneamente a possibilidade de conversar com Valter Vinagre, sobre os corações ao alto. O fotógrafo confessou que um dos motivos para participar nos encontros internacionais foi o facto de ser a primeira edição dos mesmos, a par de poder fotografar num concelho algarvio que conhecia mal. Para além disso explicou: eu não gosto de estar sempre a fazer a mesma coisa, enquanto autor. Por isso, quando me lançam desafios, eu gosto de os lançar também a mim mesmo! E como a diversidade e a inclusão são palavras que me são caras, não me fazia sentido nenhum ficar limitado à Igreja Católica Apostólica Romana. Isso levou-me a pensar o que podia fazer para não ser ‘mais do mesmo’ e desde logo decidi que festas não queria fotografar, porque não tinha tempo suficiente. Inicialmente, estive aqui três ou quatro dias e andei na sede do concelho a tentar perceber o que havia de visível sobre as religiões, aquilo que as pessoas sabem que existe mas que muitas vezes se faz de conta que não existe. Eu não acredito que as pessoas de Lagoa não saibam que há outros credos aqui, com visibilidade e representação pública, mas que por vezes ficam esquecidos.” O fotógrafo abordou o tema da religião partindo de alguns princípios: Eu não tenho de fazer juízos de valor, nem os conseguiria fazer. Estes credos religiosos não aparecem aqui por acaso. Só têm visibilidade e representação pública porque têm cá as suas gentes. E, mais que tudo, a Igreja Católica só cá está porque houve uma migração, uma história de colonização. Relativamente à Comunidade Islâmica, tive de ir fotografar o Imã em Portimão porque não têm um local sagrado em Lagoa, mas grande parte das suas gentes trabalha aqui. Além disso, é um credo religioso que está na génese do Algarve, e que faz parte de um ADN cultural da região. Valter Vinagre espera que o resultado do seu projecto fotográfico seja um contributo para a tolerância. Nós somos e seremos racistas ou xenófobos quando não conhecemos. O grande inimigo da cidadania democrática é o desconhecimento, mas quando se apresenta aquilo que é desconhecido deixa de haver razão para continuar a existir o temor pelo desconhecido. Creio que as imagens que produzi podem ter essa função de levar as pessoas a procurar um pouco mais fundo, ou seja, ir para além da aparência, do ‘diz que disse’, das ‘fake news’. Levar as pessoas a abrir os olhos e o espírito. O fotógrafo recomenda aos visitantes que entrem no interior do círculo formado pelas seis fotografias, e que depois caminhem pelo lado exterior, para ver as outras seis imagens. Será uma experiência muito boa ver a exposição a partir do interior do círculo, porque a ideia de trabalho que tive é também muito circular. E quando se entra no Salão Paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Luz, a primeira foto que salta à vista é a do Imã Mamadu Baílo Djaló, porque representa a génese. No verso de cada uma das seis fotografias está uma resposta que eu posso dar ao desconhecido, de algo que cada uma das comunidades reconhece imediatamente como sendo dos seus objectos simbólicos. Eventualmente até são mais importantes que os ‘porta-estandartes’. Afirmou ainda que gostaria muito de ver a série fotográfica corações ao alto circular pelo concelho de Lagoa, pelo Algarve e até pelo resto do país. Faz todo o sentido. Em conjunto com os outros projectos ou isoladamente. Quando produzimos algo, eu como autor e como cidadão, agrada-me a possibilidade de agarrar naquela aparente realidade e deslocá-la para outros lados. Isto pode contribuir para uma abertura maior, para criar polos de discussão e até polos de incómodo. Eu, aliás, prefiro o incómodo à discussão... Valter Vinagre (fotografia de Filipe da Palma) Sobre os filhos do sol - a busca do idílico, Augusto Brázio explicou ainda: fiz estas fotografias em 10 dias, num concelho que conhecia relativamente mal, e que ainda não conheço muito bem porque a minha realidade passou-se muito junto ao mar. Acabei por apresentar vários blocos de imagens: os caminhantes na praia, os miúdos no lazer, o golfe, as festas da espuma, os parques aquáticos, a vida nocturna. O primeiro grupo de fotografias foi feito a ‘perseguir’ pessoas a caminhar na praia, comigo de fato-de-banho, toalha e máquina na mão. As pessoas estão de costas e por isso não são identificáveis. A mim, como fotógrafo, sempre me fascinou este fenómeno das pessoas a caminhar na praia, parece que se procuram revigorar logo de manhã com caminhadas enérgicas. Por outro lado gosto desta tridimensionalidade do corpo e dos gestos, do lado coreográfico e da forma como ocupam o espaço, mesmo numa acção tão simples como caminhar. Quando fotografei os miúdos no Parque Municipal do Sítio das Fontes, pelo contrário, perguntei-lhes se os podia fotografar naqueles momentos de lazer. No bloco de fotografias sobre o golfe, procurei também registar gestos como os de ajoelhar e apanhar a bola, e de empurrar o carrinho, que era o que mais me interessava. Acompanhei um pequeno grupo, com a concordância deles, e fui fotografando-os também de costas. Um outro bloco, com uma única foto, foi feito num parque aquático, no início de Agosto. Coincidiu com um festival da comunidade africana e foi muito interessante. Estas duas raparigas estavam à espera para subir a um escorrega, eu pedi para as fotografar, elas posaram naturalmente, como vêm nas revistas, tudo muito espontâneo. Há um tríptico sobre a festa da espuma num grande hotel, e uma imagem que desconstrói a realidade, com uma câmara de observação e uma coluna de som. Depois, duas imagens que são também duas metáforas sobre o que é o turismo e o que procuramos nesses dias. Viver numa ‘bolha’ de bem estar, de Sol, de felicidade. Por último, a encerrar, a noite e o divertimento. Paulo Catrica realçou que fotografar é sempre um acto político. Está nas escolhas e no modo como o fotógrafo enquadra, nos assuntos que escolhe para trabalhar, na forma como se confronta com o que fez. Eu, nos últimos anos, tenho trabalhado sempre sobre paisagem e a que me interessa é a dos lugares comuns, do espaço público, acreditando que há um lado social e económico na paisagem que reflete o modo como vivemos a nossa economia e também os nossos sonhos e projectos. Em Lagoa, estava muito interessado em ver paisagens menos vistas, em visitar os bairros sociais, em perceber coisas que ficam um bocadinho afastadas de todos os arquétipos visuais que se constroem. De certa forma, todas as paisagens que são turísticas, no Algarve, em Lisboa, no Porto, têm um imaginário e interessou-me trabalhar o adverso desse imaginário. O fotógrafo, durante a mesa redonda Documentar..., referiu que as fotografias têm de ter um contexto para conseguirem ter também dimensão crítica. Em Lagoa, a Câmara permitiu-nos fazer o que cada um quis, como quis, com muita liberdade, e isso foi importante. Permitiram-nos um espaço reflexivo, que nos obrigou a desacelerar e pensar. Por vezes, as instituições que acolhem as nossas imagens filtram-nas, porque as imagens que lhes devolvemos não são necessariamente as que queriam receber, as que promovem coisas. Ontem, na inauguração, alguém me dizia que as imagens que estava a ver eram de coisas que via muitas vezes, porque vivia aqui, mas nunca as tinha visto fotografadas. É a melhor coisa que me podem dizer em relação ao meu trabalho! José Águas da Cruz, Presidente da Assembleia Municipal de Lagoa e um reconhecido interessado por fotografia, durante a mesa redonda afirmou que para nós, que temos responsabilidade políticas em Lagoa, é muito enriquecedor, no dia em que comemoramos uma data importante para o concelho, acolher uma mesa redonda sobre política e imagem, que são indissociáveis. Os vossos contributos e os vossos olhares far-nos-ão enriquecer na forma como nós poderemos melhor servir as nossas populações. Os vários ângulos que fizeram sobre o concelho são relevantes para percebermos ainda melhor o nosso território e as nossas gentes. Penso que temos consciência dessa realidade, mas um olhar de fora é sempre enriquecedor! O vosso contributo é decisivo para nós implementarmos as melhores políticas e fazermos as correcções que forem necessárias. A fotografia também é política e entre as imagens que aqui estão expostas há algumas que me tocaram, como tocaram a outros concidadãos meus. Têm um enorme poder de persuasão e nós ficamos a conhecer melhor a realidade que temos e a nossa identidade. Augusto Brázio, também satisfeito com os projectos fotográficos, afirmou que a partir de agora e até ao final de Março é o tempo das pessoas virem ver as cinco exposições de fotografia e recomendou a cada visitante olhar para cada imagem fotográfica de forma diferente da que as pessoas olham para as fotografias dos telemóveis, dedicando mais tempo a ver cada imagem e a tentar interrogar-se mais, com tempo suficiente para reflectir sobre as mensagens de cada uma das fotografias. no BARLAVENTO online

  • João Frade toca Toninho Horta

    João Frade, Leonardo Tomich (bateria) e Adriano Alves 'Dinga' (baixo) - os "LD - J Trio", e ainda Natália Boechat (voz), levaram ontem à noite, até ao salão nobre do Club Farense, as sonoridades quentes e envolventes do jazz brasileiro de Toninho Horta. Houve espectáculo, no mais puro e verdadeiro sentido da palavra! Os LD - J Trio são uma das formações em que o acordeonista algarvio está intensamente envolvido, 'família musical' luso-brasileira generosa e criativa que, cada vez mais, parece estar unida e inspirada. Para todo o público presente foi bastante evidente o prazer com que os três músicos tocaram durante cerca de hora e meia, a partir de temas de Toninho Horta. Toninho Horta (Antônio Maurício Horta de Melo, nascido a 2 de Dezembro de 1948), um dos mais prestigiados guitarristas de jazz brasileiros, integrou o Clube da Esquina, de Belo Horizonte, Minas Gerais, onde conheceu, tocou e compôs com Milton Nascimento, António Carlos Jobim, Elis Regina e Gal Costa, entre muitos outros. Na década de 1990 mudou-se para os EUA, onde deu continuidade à sua carreira, tocando e compondo com diversos músicos de referência do panorama do jazz americano e mundial. No Club Farense, ontem à noite, João Frade, Leonardo Tomich e Adriano Alves prestaram um brilhante Tributo a Toninho Horta. Natália Boechat, convidada especial, subiu ao palco para cantar dois temas do repertório brasileiro de Toninho Horta. Em meados de 2020 está previsto o lançamento de um CD com temas inspirados no referido guitarrista de jazz brasileiro, que igualmente permitirão imortalizar a qualidade e criatividade dos LD - J Trio. Até lá, é de esperar que essa 'família musical' luso-brasileira volte a subir aos palcos e justifica-se toda a atenção para não perder a oportunidade de os ver e escutar. In: BARLAVENTO, 9 de Janeiro de 2020

  • Nova ponte em Tavira - imagens para memória futura 3

    Já passaram mais de dois meses desde o início das obras para a construção da nova ponte rodoviária sobre o Gilão, no centro histórico da cidade de Tavira. As obras avançam e neste momento, para além da desmontagem progressiva da velha ponte provisória, parece que se começam já a preparar as fundações para um dos pilares da nova ponte. Embora tenha havido uma breve paragem dos trabalhos, talvez por causa da precipitação intensa que caiu em todo o país e porque se está na semana do Natal, é vagarosamente que progride a construção da nova ponte que colocou a cidade no mapa nacional, através de referências muito regulares na comunicação social. As cinco fotografia aéreas feitas hoje, 29 de Dezembro de 2019, podem ser comparadas com as que fiz no passado dia 24 de Novembro. É possível constatar que durante este período de cerca de um mês: - mais uma secção da ponte provisória desapareceu - foi concluída a rampa de acesso ao leito do Gilão, a partir da margem Este, feita em brita - foi escavado um buraco debaixo do limite Este da parte ainda existente do tabuleiro da ponte provisória - foi instalada uma nova estrutura sobre a água, no terço Oeste do tabuleiro da ponte provisória - existe mais maquinaria e materiais nos estaleiros de obra, localizados em ambas as margens do Gilão.

bottom of page