top of page

Search Results

285 items found for ""

  • Luís de Almeida d'Eça

    Luís de Almeida d'Eça foi um dos autores de referência para a construção da imagem turística do Algarve. Durante anos fotografou a região para clientes de prestígio, com particular destaque para a Comissão Regional de Turismo do Algarve (actualmente RTA - Região de Turismo do Algarve). Editou um livro, o Algarve, Portugal. The Holiday Land for all Seasons, com textos de José Carrasco (traduzidos para inglês, francês e alemão) e fotografias de Asta de Almeida d'Eça e Luís de Almeida d'Eça, e que teve, pelo menos, onze edições*. Durante anos foi comprado pela CRTA para ser, depois, distribuído como livro de cortesia e foi, consequentemente, um verdadeiro best offered book!!! Para além do livro, d'Eça, como muitas vezes assinava, editou os seus bilhetes-postais ilustrados e fez fotografias para postais de outros editores. É frequente que a autoria das fotografias não seja mencionada, tornando ainda mais difícil a tarefa de identificar todos os bilhetes-postais ilustrados com imagens desse fotógrafo... O bilhete-postal ilustrado n.º 23 da Colecção d'Eça. O Centro de Documentação e Informação da RTA, em Faro, possui uma ampla e, inegavelmente, interessante colecção de imagens do casal Asta e Luís de Almeida d'Eça. Muitas estão em diapositivos 6 X 6 de grande qualidade, mas existem também provas de autor a P&B organizadas em fichas de arquivo, certamente preparadas pelos dois fotógrafos. Recentemente, a RTA disponibilizou aos Encontros de Fotografia de Lagoa cinco imagens sobre mercados algarvios, da década de 1960, para integrarem as próximas exposições da mostra colectiva, actual e retrospectiva, Mercados no Algarve ao longo dos tempos. Uma das fichas de arquivo preparadas por Luís de Almeida d'Eça e actualmente existentes do CDI da RTA. A Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Tomar adquiriu uma outra parte importante do espólio. Em 2012 apresentou mesmo, no seu Centro de Arte e Imagem - Galeria IPT, a exposição de fotografia intitulada Luís e Asta. Tornar-se-á assim possível assegurar que este património não se degrada e, mais ainda, não se perde, permitindo estudar aprofundadamente o legado de Asta e Luís de Almeida d'Eça e o seu contributo para a imagem turística internacional do Algarve. * 1.ª edição, Janeiro de 1969; 2.ª edição, Dezembro de 1969; 3.ª edição, 1971; 4.ª edição, 1974; 5.ª edição, ??; 6.ª edição, 1977; 7.ª edição, 1980; 8.ª edição, sem data; 9.ª edição, 1984; 10.ª edição, sem data; 11.ª edição, 1987.

  • as dimensões e funções de ‘O Algarve de ARTUR PASTOR’

    breve ensaio Por ser director dos Encontros de Fotografia de Lagoa 2015 e, em simultâneo, director cultural da exposição fotográfica O Algarve de ARTUR PASTOR, têm-me perguntado qual é, verdadeiramente, o ‘público-alvo’ da mesma. Algumas respostas preconcebidas estão, em diversas ocasiões, implícitas ou até mesmo explícitas nessa pergunta, evidenciando-se uma visão quiçá minimalista das distintas e complementares dimensões e funções de uma exposição de fotografia. O Algarve de ARTUR PASTOR é uma mostra bastante completa e diversa: aos 73 espécimes fotográficos, a maioria deles provas de autor e os restantes provas actuais, juntam-se seis painéis com textos do próprio Artur Pastor, quase quatro dezenas de bilhetes-postais ilustrados, vários livros, maquetas de livros, catálogos de exposições e outras publicações menores. Um acervo desta natureza, temporariamente patente ao público em conjunto, não poderia ter apenas uma dimensão e função. Eu identifico quatro dimensões e bastantes mais funções! 1. AUTOR FOTÓGRAFO A exposição tem uma dimensão evidente e óbvia, percebida logo a partir do seu próprio título: é uma mostra centrada num fotógrafo de referência, o qual, para além de ímpar entre os seus pares em Portugal, dedicou à região algarvia uma atenção muito especial. Há uma coerência natural que ficará desde logo assegurada por se apresentarem trabalhos de uma só pessoa, com uma atitude quase invariável mesmo que se percorram diversas décadas e, consequentemente, olhares fotográficos em mudança e evolução, ao longo do tempo. Desta dimensão resultam duas funções: por um lado, mostrar agora, mesmo que apenas parcialmente, o percurso de trabalho de um autor fotógrafo; por outro, certamente, prestar homenagem a alguém que, fruto de um esforço persistente, deixou um contributo relevante para o Algarve, o país e o mundo. 2. ESTÉTICA FOTOGRÁFICA Artur Pastor foi um autor cuja prática fotográfica foi sempre planeada, criteriosa e cuidada, em qualquer das formas de expressão estética que explorou. Cultivou a fotografia realista e humanista, a fotografia ‘carregada’ de símbolos e poéticas, a fotografia de paisagem, a de retrato, os registos fotográficos documentais de cariz predominantemente agronómico. Não é acertado afirmar-se que foi único ou incomparável na abordagem e utilização de determinadas linguagens e estéticas fotográficas, mas é por demais evidente que, tendo adoptado tendências de época, as praticou com superior mestria. Consequentemente, pela dimensão da estética fotográfica, a exposição assume uma terceira função: mostrar interessantes exemplos de arte fotográfica, servindo então de objecto de estudo e análise a todos aqueles que queiram olhar para cada fotografia como património de arte visual. 3. IDENTIDADE REGIONAL Outra dimensão evidente e óbvia, igualmente percebida a partir do título da exposição, é a da identidade do Algarve, centrada na sua história recente, na geografia humana, na economia regional e na antropologia. Do enorme legado do fotógrafo, que percorreu inúmeras vezes todo o continente português, apenas foram seleccionadas imagens da região algarvia, numa sequência muito elementar - as fotografias distribuem-se de acordo com uma ‘viagem’ desde Odeceixe até Vila Real de Santo António - e ilustram paisagens, formas de ocupação do território e utilização dos seus recursos, arquitectura, pessoas, modos de vida, actividades económicas. Os painéis com excertos do livro ALGARVE, Portugal, publicado em 1965 por Artur Pastor, contribuem para contextualizar as imagens. Esta dimensão identitária da exposição proporcionar-lhe-á acrescidas funções adicionais, todas elas com um denominador comum: as imagens, observadas em conjunto ou isoladamente, contribuem para uma mais aprofundada compreensão da identidade regional, esteja ela focada na história recente, na geografia humana, na economia regional ou na antropologia dos algarvios. Por outro lado, as diversas funções resultantes desta dimensão identitária de O Algarve de ARTUR PASTOR extravasam o domínio da arte fotográfica. Os valores intrínsecos de cada registo fotográfico e os da prática fotográfica do autor deixaram de ser o objecto central de estudo. O conteúdo documental das imagens passa a ser o atractivo da análise, e é principalmente sobre ele que assentarão as múltiplas funções desta dimensão da identidade regional da exposição. Cada imagem são 1000 palavras que ajudam a compreender e interpretar as paisagens, a fisionomia das pessoas, os seus modos de estar e trabalhar, a pesca do atum e a da sardinha, etc... 4. MEMÓRIA SENTIMENTAL A quarta dimensão, que nunca poderá ser ignorada ou sub-valorizada, é a da exaltação da memória sentimental dos algarvios, e em especial daqueles que estão ou já passaram da ‘meia idade’ e identificam a sua juventude com os cenários e acontecimentos fotograficamente registados e expostos. Ainda me lembro dos tempos em que isto e aquilo eram assim… será a frase que melhor exprime esta dimensão da memória sentimental, benéfica para uma valorização subjectiva da identidade e para a confortável sensação de pertença a um território e à sua cultura, mesmo que a comparação com o presente seja desfavorável a este último. De notar que a dimensão da memória sentimental é muito distinta da da identidade regional, antes referida. Esta (a memória) é subjectiva, aquela (a identidade) é quase objectiva; assim sendo, as duas dimensões são complementares e asseguram numerosas funções diferentes. Nuno de Santos Loureiro professor na Universidade do Algarve e director dos Encontros de Fotografia de Lagoa ______ download do texto em pdf #ArturPastor #fotógrafos #EncontrosdeFotografiadeLagoa #Algarve

  • The pleasure of breaking the routine of village living...

    The villages are places of residence, not, fundamentally, centers of commerce; stores are few and small. Supplies - especially dry goods and notions - are purveyed largely by itinerant venders, travelling and hauling their wares on pack animals, bicycles, or small trucks; sale and purchase of animals is usually accomplished at one of the fairs which are regularly held in each of the more important villages on a specified day of the week and week on the month.* Services and buildings for them, that we associate in our minds with urban living, are lacking. Men and women go to the small towns at the base of the mountains on market day to buy items that are not brought to them by itinerant venders and, perhaps more importantly, to enjoy the pleasure of taking an occasional trip to break the routine of village living. In: Dan Stanislawski, 1963. Portugal’s other kingdom, The Algarve. 5. The Caldeirão Mountains. University of Texas Press, Austin, U.S.A. pp. 216-217. * For example, the fair in Cachopo is on the second Thursday of each month. That of S. Bartolomeu de Messines, which serves many mountain people, is held on the fourth Monday of each month. #DanStanislawski #Tavira #SãoBartolomeudeMessines #história

  • THE ALGARVE, de Dan Stanislawski

    Portugal's other kingdom. The Algarve, da autoria de Dan Stanislawski e escrito na década de 1960, é um clássico pouco conhecido. Foi editado em 1963 e reeditado em 2012 pela University of Texas Press, Austin, U.S.A. Não parece estar à venda nas livrarias portuguesas mas é fácil encontrá-lo em livrarias online como a Amazon, ou, em alternativa, na livraria da própria editora. Dan Stanislawski (1903-1997), geógrafo americano, dedicou bastante atenção à Península Ibérica e proporciona neste livro a sua visão sobre a região algarvia. Relativamente a Portugal, em 1959 tinha escrito The Individuality of Portugal. A Study in Historical-Political Geography, onde procura abordar as causas geográficas, históricas e sociológicas que fundamentam a incontornável existência de dois países distintos na Ibéria. Em The Algarve sobressai a sua grande capacidade para conhecer e descrever em detalhe uma região, com particular atenção para o ambiente e vivências piscatórias. As centenas de homens do mar com quem Stanislawski contactou e conviveu estão, aliás, no topo dos breves agradecimentos registados nas primeiras páginas. Todo o trabalho do autor resulta num livro muito interessante, o qual apresenta, ao longo de seis capítulos principais, as geografias física e humana estruturadas numa matriz de quatro sub-regiões (Litoral, Barrocal, serras algarvia e de Monchique, admitindo ainda uma quinta sub-região, a de Aljezur) e dois grupos sócio-económicos (agricultores e pescadores). Fishermen and Fishing Towns é o mais extenso, estando os outros dedicados ao Coastal Plain, à Limestone Zone, e às Caldeirão Mountains e Monchique. Se o maior destaque está, sem dúvida, nas povoações piscatórias e nos pescadores algarvios, a vida no interior e os distintos regimes agro-silvo-pastoris não deixam de ser descritos pormenorizadamente. As actividades transformadoras e industriais são mencionadas de forma sumária, a par com a arquitectura, as vias de comunicação e os transportes, e breves histórias da maioria das cidades e vilas algarvias. O livro, com 273 páginas, é ilustrado com 92 fotografias do autor, para além de alguns mapas, gráficos e desenhos. Inclui uma detalhada lista de Referências Bibliográficas e um muito útil Índice geográfico e temático.

  • fotógrafo procura-se!

    Esta fotografia, com 11 x 8 cm, foi adquirida num leilão, na Internet. Ilustra um mercado em Boliqueime e foi tirada no dia 28 de Fevereiro de 1965. Quem foi o fotógrafo? Se souber, por favor, entre em contacto comigo!

  • ALGARVE, a portrait and a guide

    Escrito por David Wright e Patrick Swift, e com desenhos de Patrick Swift e fotografias de Tim Motion, este livro editado inicialmente em 1965 pela Barrie & Rockliff, London, e reeditado em 1971 pela Barrie & Jenkins, London, fala de um Algarve profundo e tradicional a abrir-se ao turismo e à modernidade. “the book is concerned to give a realistic picture of the life of the place” e foi escrito por dois estrangeiros que conheceram bem a região algarvia. Patrick Swift (1927 - 1993) foi um pintor irlandês que residiu em Carvoeiro, desde 1962, e fundou a Olaria de Porches. David Wright (1920 - 1994) foi um escritor e poeta sul-africano que frequentemente visitava Swift. Os dois, por vezes na companhia de Tim Motion, comerciante de vinhos, pintor e fotógrafo irlandês que também viveu em Carvoeiro, conheceram a região em pormenor e dedicaram-lhe um livro que, mais do que tudo, é um divertido diário de viagens escrito por quem olha para o Algarve e para os algarvios com um misto de estranheza e fraternidade social. Em contraponto com um certo exotismo africano que certamente muito terá atraído Wright, autor da maioria dos textos, o mesmo tranquiliza os potenciais visitantes: "Algarve does not lack the commoner amenities of civilization, e.g. detergents, razor-blades, toilet soap, Kleenex, family planning requirements, and so forth." Wright e Swift publicaram outros dois livros sobre Portugal: Minho, a portrait and a guide, em 1968, e Lisbon, a portrait and a guide, em 1971. TIM MOTION (1936 - ) nasceu na Irlanda e passou grande parte da juventude em Inglaterra. Após concluir os seus estudos ingressou na Royal Navy (Marinha Real Britânica) e durante dois anos esteve no Mediterrâneo a bordo de um porta-aviões. Dedicou-se depois à pintura e começou a passar férias no Algarve. Por “acaso e destino” em 1961 descobriu Carvoeiro, Lagoa, onde veio a viver entre 1962 e 1975. Na década de 1960 começou também a fotografar. A vida algarvia foi objecto de prolongada atenção e possibilitou-lhe contribuir com 14 imagens para o livro Algarve: a portrait and a guide. No mesmo livro é autor do 'Appendix 3 - Bom Vinho do Algarve'. Em 1967 abriu o ‘Sobe e Desce’, um night-club disco de referência no Barlavento algarvio. Regressou a Londres sem esquecer o Algarve, que continuou a visitar com regularidade. Em 1978 e 1979 fotografou novamente na região para a revista ‘Algarve Life’, tendo publicado no n.º 2 - Novembro de 1978 Algarve People, seen by the famous photographer Tim Motion // Gente do Algarve, visto pelo célebre fotógrafo Tim Motion, no n.º 3 - Março de 1979 Manuel Guerreiro (Manolo) um músico algarvio de jazz // a jazz man of Algarve, bem como algumas imagens isoladas. Em 2007 expôs na Galeria de Arte ALGARVIDA, na Rua do Barranco, Carvoeiro, algumas das suas fotografias feitas em 1963 e 1964. Em 2012 expôs em Arles, França, no âmbito do programação paralela aos Rencontres internationales de la photographie, na Mia Casa, entre 5 de Julho e 31 de Agosto, sob o título 'Le temps des gitans', um novo conjunto de fotografias feitas no Algarve, sobre as populações ciganas da região. Actualmente é fotógrafo profissional, especializado em fotografia aérea feita a partir de helicópteros, pequenas aeronaves e balões de ar quente. Fotografa também espectáculos e músicos de jazz e blues, actividade que teve início em 1971 no Cascais Jazz Festival.

  • Mercado mensal no Azinhal, Loulé

    O mercado mensal no Azinhal, Loulé, realiza-se ao quarto sábado de cada mês. É um mercado pequeno, rural, muito participado, nas boas tradições dos mercados da serra algarvia. Até ontem, era um dos poucos mercados onde havia ainda um pequeno comércio de cabras, ovelhas e porcos pretos. Mas a GNR pode ter acabado com este elemento distintivo. Uma intervenção madrugadora, de surpresa, fez saber aos pequenos produtores locais que teriam de abandonar de imediato o mercado ou seriam autuados. A lei e a ordem foram cumpridas. A identidade local ficou mais pobre, a par, certamente, da pequena e envelhecida economia da serra algarvia...

  • Ex-Presidente da República escreveu sobre a Feira anual de Portimão

    Feira anual em Portimão (em finais do séc. XIX) Fiz quanto pude para os auxiliar, instando especialmente por que ficassem em Portimão até Novembro, para armarem barraca na feira que lhes descrevia qual outra rival de Nijnii-Novgorod... Era sincero, e ainda hoje, quando me reporto às impressões da infância, não recordo feira que a supere ou iguale. A título de curiosidade, vamos lá ver que imagens me ficaram de então. Não é mau, de quando em quando, reviver essas ilusões; são amores primitivos cuja lembrança reconforta. (...) ¡Como parecia aumentar a extensão do cais logo que a feira lá assentava! Tornava-se de uma vastidão sem fim. Começava pela barulhenta rua dos sapateiros (cheia de penduricalhos, tresandando a cortidura) que eu mal percebia que coubesse ali; depois a rua igualmente longa dos paneiros, porém, mais repousada, quási silenciosa, embora fôsse raro o momento em que êles não trabalhassem, medindo às varas os sorianos apetecidos pelos lapuzes friorentos; depois a rua dos tendeiros, exposição das maravilhas que as crianças ambicionam para os seus paraísos domésticos: pelas multicores; tirsos cobertos de guizos; arlequins abrindo os braços do alto das tribunas que lhes proporcionam os gargalos das garrafas; animais de tôda a casta, e as gaitinhas de tôda a espécie e feitios, com os berimbaus, os tambores, as trompas; e para remate, as harmónicas inacessíveis, regalos... de príncipes reais. Quási isolada, mais larga e decorativa, embora mais curta, a rua com as barracas de arreios: a alegria andaluza dos cabrestões recamados de rosas, as retrancas franjadas, as rédeas de polimenta. No coração da feira os aristocráticos ouvires, com a densa e variada multidão da freguesia que lhes perscruta os escaparates: damas elegantes e desdenhosas; casais de namorados devaneando sôbre a posse daqueles tesouros; campónias poupadas que forraram o dinheiro para comprar um par de brincos, ou um cordão, e andam com a família tôda (e o noivo) horas sucessivas a examinar, a ajustar... Por fim, formando bairro à parte, as barracas de “comes e bebes” com toques de guitarra e figurões congestionados que deitam a cabeça de fora para vomitar vinho tinto... Depois, ao ar livre (¡como chega o espaço para tanta coisa!) a obra de castanho, feita em Monchique: mesas, cadeiras e arcas; os montes de frutas, os peros rescendentes, o cascalho de nozes, as pirâmides de romãs; e as louças de barro, de faïança, estendidas sôbre junco, luzindo ao sol a peculiar garridice dos seus esmaltes vidrados. Formando também bairro distinto as barracas de bazares ou leilões, dos títeres, e aquela infalível - temerosa - das feras, que se por acaso se soltassem (pobres feras!) devoravam tudo, com constante e enorme concorrência de labregos pasmados e de embarcadiços de mãos dadas e andar balouçado. ¿E as surprêsas e transes da corredoira, para quem se propõe escolher um burro sólido e veloz, que mate de inveja os companheiros de escola? Mas excedendo tudo a feira de gado, com essa raça de bois vermelhos que no Algarve apuraram até à perfeição extreme, e não tem rival no mundo. A última visão que dela me ficou, quando a deixei, dá-me ainda hoje um marujo da armada puxado por um bezerro renitente, enleado no seu uniforme, não porque lhe tolhesse os movimentos mas - dizia-me êle depois - por sentir a extravagância de aparecer ali assim vestido, levando pelo baraço um bezerro assustadiço, e ainda em cima o guarda-sol azul e colossal aberto, para abrigar a numerosa família que o acompanhava. Era um tremendo garotão filho de uma comadre dos Montes de Alvor, viúva, que tinha uma horta e moirejava com(o) um homem. O bezerro, da sua criação, foi a peça mais linda que se apresentou na feira: rendeu nove moedas. E por todos os lados o povo, a agitação, o bulício, a poeira, o barulho, são tais que as mãis estonteadas, cegas, esquecem os filhos que se perdem e desaparecem roubados pelos ciganos, diz a lenda que cito para pôr à relação de tantos assombros... pueris. “Dar as feiras” constitue no Algarve uma espécie de obrigação, a que ninguém que se preze pode fugir: é mais restricta do que a própria consoada das endoenças. As crianças andam constantemente à busca dos padrinhos e dos parentes e amigos dos pais para lhes pedirem as feiras, não faltando todavia quem as recuse, sobretudo aos filhos dos ricos que não sabem fazer selecção de avaros e pródigos. Não sucede o mesmo com os pobres, que nunca se enganam... In: Manuel Teixeira-Gomes, 1939. Carnaval Literário. Figuras e quadros de pouca monta - IV Seara Nova, Lisboa. págs. 87 a 92

  • propagandas...

    Os mercados algarvios têm nova clientela, mas que parece ser pouco compradora. Os políticos em campanha, em pequeno número e sobriamente, distribuem canetas, panfletos e abanicos por entre feirantes e fregueses. Da mesma maneira que os mercados estão em fase descendente, as campanhas passam, nestes tempos, relativamente despercebidas. Diz a voz do povo: As canetas dão jeito! As papeladas, às vezes até servem para as crianças brincarem!

  • Campeonato Nacional de DHI 2016

    Arcos de Valdevez, no coração do Alto Minho, acolheu no passado fim-de-semana o Campeonato Nacional de DownHill 2016. Uma organização cuidada da responsabilidade da ACRAP, e também da Federação Portuguesa de Ciclismo (UVP-FPC), num percurso fluído e muitíssimo veloz que obrigava os interessados em vestir a desejada camisola a ter, permanentemente, máxima concentração. De antemão todos sabiam que os lugares cimeiros se discutiriam até ao centésimo de segundo. Na primeira manga, disputada de manhã, procurei escolher um bom spot para fotografar. Eis alguns resultados, de alguns dos melhores downhillers em competição! E na manga decisiva fotografei de forma mais descontraída... Quanto a resultados, nota muito positiva para o ainda Sub-23 Vasco Bica (MS Racing Portugal), que revalidou o seu título de Campeão Nacional de DHI, vencendo primeiro a manga da manhã e depois a manga decisiva. Ao terminar confessou que este ano correu sobre alguma pressão, por estar a defender um título! Francisco Pardal é o Vice-campeão Nacional 2016 porque gastou mais 894 milésimos de segundo a fazer a descida decisiva. O madeirense Emanuel Pombo, no reverso das emoções, era a expressão mais viva do desapontamento e da desilusão... Em Elites femininas, um escalão com poucas participantes, Filipa Peres (RG Centro Óptico de Fafe) revalidou o seu título de Campeã Nacional. No escalão de Juniores, muito disputado, Diogo Pinto (também da equipa RG Centro Óptico de Fafe) vestiu a camisola ao vencer a manga decisiva. Na manga da manhã já tinha ameaçado, ao ser o segundo classificado, logo atrás de Bruno Almeida, o novo Vice-campeão Nacional. Na descida decisiva a diferença entre os dois foi de escassíssimos 528 milésimos de segundo! Terminadas as descidas e apurados os resultados finais, chegou o tão desejado momento da entrega das camisolas, da consagração dos novos campeões e das comemorações ;-) Por último, duas sugestões turísticas: depois de um intenso dia de fotografia jantei na vila, na churrascaria O Braseiro (ao pé dos Bombeiros) e dormi na Casa nos Penedos. N'O Braseiro tratei da saúde a um frango assado muito bem temperado, acompanhado de boas batatas fritas verdadeiramente caseiras, arroz e salada. Na Casa dos Penedos esperava apenas encontrar um quarto simpático num turismo local, por um preço acessível. Mas afinal tinha um apartamento completo e muito bem equipado, tudo impecável, numa casa tradicional e tranquila. Muitíssimo recomendável para uns dias em Arcos de Valdevez, um concelho cada vez mais interessante e valorizado no contexto do Alto Minho.

  • Codé di Dona

    Codé di Dona uma personalidade e uma voz únicas no funaná mais genuíno e popular da Ilha de Santiago, Cabo Verde no YouTube :: breve apresentação gravada em Março de 2006 para os Momentos de Cabo Verde 2006 5 de Janeiro de 2010 : RIP : saudade eterna...

  • Ilha do Príncipe - uma família na roça

    Dois retratos a uma jovem família da Ilha do Príncipe. Enquanto ele pisa no pilão o fruto do dendém, para fazer azeite, ela cuida das crianças e cozinha no lume, por entre as bananeiras...

bottom of page